Espanha, o país da UE onde a inflação mais consome a poupança das famílias

Ao contrário de seus vizinhos da zona do euro, o Governo de Pedro Sánchez é o Executivo que menos aumentou os salários em média, causando Espanha ser o país que sofreu a maior perda de poder de compra.

É bem conhecido que o inflação é um dos termos mais na moda hoje. Países, bancos centrais, instituições económicas, políticos, trabalhadores, cidadãos… Um fenómeno económico que consiste no aumento generalizado e estabilizado dos preços cujas consequências acabam por afectar a todos. Embora nem todos sejam iguais. Nem mesmo nacionalmente.

E a Espanha é, junto com a Áustria, o país da zona do euro mais atingido pela inflação. A taxa de poupança e a renda, ou seja, os salários, são as duas principais e mais imediatas ferramentas para combater a alta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), a taxa que acaba medindo a inflação e que atualmente está em 10,8%.

Para começar, a taxa média de poupança das famílias espanholas é a que mais caiu dos 27 estados membros da União Europeia, onde a taxa de inflação continental, que atingiu 8,9% em julho, segundo dados oferecidos pelo Eurostat. Além disso, a poupança também caiu 2,1% em relação ao trimestre passado, contrariando a média continental, que subiu, apesar de quase insignificante, 0,1%, mas em todo o ano de 2021.

Salários espanhóis, os que menos aumentam na Europa e menos permitem poupar

Essa diferença de 1,9% em relação à taxa de inflação homóloga entre Espanha e a zona euro está a devorar as reservas de capital das famílias espanholas a um ritmo mais rápido relativamente à Alemanha, Itália, França, Portugal e aos restantes vizinhos europeus, conforme indicado pelos números do Eurostat.


Espanha liga dois trimestres consecutivos vendo como, em média, diminui a poupança dos seus cidadãos. Além disso, em 2021, caíram 6,6%, de 14,1% no início de 2021 para 7,5% em janeiro de 2022. Resultado da divisão da poupança pelo volume de sua renda bruta.


E a grande razão é que os salários médios cresceram pouco, a um ritmo muito mais lento do que os preços, pois, conforme evidenciado pelo Eurostat, o volume de poupança das famílias espanholas é semelhante ao que tinham antes da pandemia. Ou seja, a inflação desproporcional, em números históricos, já tirou aquele dinheiro que a paralisação da vida, como a conhecemos, por conta do confinamento e consequentes restrições sanitárias havia gerado.


Mas o Eurostat vai ainda mais fundo, apontando que a diminuição dos rendimentos, do que cada cidadão ganha, caiu 1,4% neste primeiro trimestre de 2022 face aos primeiros três meses de 2022.


Em suma, que os espanhóis gastem mais ou menos o mesmo que os europeus neste momento de 2022, embora se observe uma tendência de moderação face à incerteza de quanto tempo durará a inflação, mas ganham menos. Especificamente, e como o Eurostat continua a apontar, os salários cresceram, em média, metade do que no resto dos países europeus. Algo que se aprofunda perda de poder de compra.

Miranda Pearson

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