O ex-ministro da Economia e Inovação de Portugal entre 2005 e 2009, Manuel Pinho, foi detido no final do seu interrogatório na sede do Departamento Central de Investigação e Acção Criminal (DCIAP) pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais relacionadas com práticas de corrupção na empresa energética EDP e no antigo Grupo Espírito Santo (GES). O advogado de Pinho, Ricardo Sá Fernandes, qualificou a prisão como “abuso de poder”. Em declarações à imprensa, recolhidas pelo semanário Expresso, o advogado assegurou que Pinho, titular da pasta no governo do socialista José Sócrates, sempre compareceu perante as autoridades quando foi intimado. “Ninguém aqui foge, nem há motivos para suspeitar que ele vai fugir. É por isso que lamento profundamente este ato. O Ministério Público não pode escolher os juízes que servem aos seus propósitos. Já vi coisas que nunca pensei que veria.” Segundo o jornal PúblicoManuel Pinho instalou-se em Alicante, onde aluga uma casa e de onde viaja frequentemente para outros países a negócios.
A prisão do ex-ministro vários anos após o início da investigação do caso ocorre após a mudança de magistrado e a divulgação de novas informações sobre a ocultação de seu dinheiro em paraíso fiscal, reveladas nos chamados Papéis de Pandora, a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas publicado em novembro. Além disso, a fuga constrangedora realizada pelo fundador do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, que fugiu de Portugal em setembro para evitar ser preso e que foi preso no último fim de semana na África do Sul, pode ter influenciado na prisão. . Apesar de Rendeiro ter cumprido três penas que o condenaram a 19 anos de prisão no total, continuou a gozar de autonomia de circulação e autorização judicial para viajar para o estrangeiro. Graças a uma dessas autorizações, voou para Londres em meados de setembro e lá desapareceu. Sabe-se agora que voou para o Qatar e depois para a África do Sul, onde se hospedou em hotéis de luxo. Sua prisão atenuou o sentimento de consternação que ele espalhou após o voo.
O ex-ministro Manuel Pinho foi indiciado no caso da empresa de energia EDP em 2017 por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais relacionados com fundos do antigo Grupo Espírito Santo (GES), o conglomerado internacional formado pelo Banco Espírito Santo que faliu em 2014. trouxe à tona uma estrutura fraudulenta e práticas ilícitas que são investigadas em diversos processos, como a Operação Marqués, onde Sócrates está envolvido.
O Ministério Público considera que Pinho favoreceu os interesses da EDP durante o seu mandato como Ministro da Economia e Inovação através de algumas decisões em troca de a empresa energética contribuir com 1,2 milhões de dólares (1,06 milhões de euros) para a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, pelo que como facilitar a contratação de Pinho como professor visitante na instituição universitária. Também são acusados neste processo, entre outros, António Mexia, que foi presidente executivo da EDP, e o administrador João Manso Neto, acusados de terem corrompido um ministro, um secretário de Estado, um assessor do governo e um administrador. do Governo de Sócrates e também de ter prejudicado os interesses da EDP na adjudicação da construção de uma albufeira.
Além disso, Manuel Pinho é acusado de favorecer os interesses do GES durante a sua fase ministerial em troca de receber transferências mensais de 15 mil euros, depositadas numa conta no Panamá. Tanto Pinho quanto Mexia haviam sido executivos do Banco Espírito Santo.
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