Dos Santos acusa Portugal de ser parcial à norma aprovada pelo BPI | Economia

Um dia depois de oficializada a OPA do Caixabank sobre o banco português BPI, a Santoro, a empresa angolana Isabel Dos Santos, detentora de 18% do BPI, emitiu um comunicado a dar a sua opinião e no qual ataca a todos. Dos Santos cobra especialmente contra o Executivo português. Acusa o Governo português de favorecer o CaixaBank ao aprovar uma lei sobre a libertação de direitos de voto em bancos cotados, contrariando “o processo construtivo do Governo na fase…

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Um dia depois de oficializada a OPA do Caixabank sobre o banco português BPI, a Santoro, a empresa angolana Isabel Dos Santos, detentora de 18% do BPI, emitiu um comunicado a dar a sua opinião e no qual ataca a todos. Dos Santos cobra especialmente contra o Executivo português. Acusa o governo português de favorecer o CaixaBank ao aprovar uma lei sobre a libertação de direitos de voto em bancos cotados, contrariando “o processo construtivo do Governo na fase de conciliação do processo”.

A empresa Santoro diz que o executivo de António Costa tomou “uma medida historicamente inédita e declaradamente tendenciosa com a aprovação de um decreto-lei identificado como o padrão BISque favorece uma das partes, no momento em que se encontravam em meio ao processo negocial”.

A verdade é que o Governo só divulgou a alteração legislativa —preparada desde Fevereiro— quando foi rompido o acordo entre Santoro e CaixaBank alcançado há sete dias. E a entidade espanhola pôs como condição à oferta pública de aquisição que lançou ontem que seja eliminado o limite de votos no BPI, que o impede de ter mais de 20% dos direitos de voto, apesar de deter 44% das acções. Ainda assim, a aplicação deste decreto-lei em Portugal só chegará em julho, o que continua a dar margem a um acordo amigável, até para que o Governo o anule nesse caso.

Voltar à Bolsa BPI

Ao fim de oito dias, as ações do BPI voltaram a negociar na bolsa de Lisboa na terça-feira: registaram uma queda de 7,6%, a 1.100 euros por ação, abaixo da OPA lançada segunda-feira pelo Caixabank, a 1.113 euros por ação. A suspensão da negociação foi levantada ao meio-dia de terça-feira, após comunicação do BPI à CMVM que “não está neste momento sujeita a sanção pecuniária por parte do BCE”, embora aguarde uma decisão final do organismo europeu. O BIS está sujeito a uma multa diária de 160 mil euros por incumprimento da nova regulamentação europeia sobre excesso de risco em países africanos.

O outro banco indiretamente afetado pela negociação, o BCP, caiu 3,6%, tendo a sua ação fechado na terça-feira nos 0,0340 euros. Este ano, o BCP, onde Dos Santos também detém 18%, desvalorizou 30%.

A empresa dos Santos garante que o acordo com o CaixaBank (que foi anunciado a 10 de abril mas rompido a 17 de abril) nunca foi fechado devido a divergências na operação sobre o Banco de Fomento Angolano, onde o BPI tem 50,1% e o Dos Santos, por meio da operadora de telefonia Unitel, 49,9%. Em uma declaração separada, o BIS nega A versão de Santoro.

Santoro reconhece ainda que outra dificuldade nas negociações foi a exportação de divisas de Angola, uma vez que em resultado da crise o Governo limita a saída de divisas. “O CaixaBank quis impor nos contratos”, refere o comunicado, “aquelas autorizações do BNA como se fossem da responsabilidade do Santoro, ao mesmo tempo que tentou incluir cláusulas relativas ao pagamento das ações do BFA que iriam ser alienadas. “

Com efeito, o BNA não é o mesmo que Santoro; mas a família Dos Santos governa o país com mão de ferro há mais de 30 anos; O Padre Eduardo dirige o Governo e os seus filhos cuidam de vários negócios paraestatais. A filha mais velha, Isabel, dirige o negócio financeiro; ela é a segunda mulher mais rica da África e dirige negócios bancários, petrolíferos e de comunicações por meio de mais de 45 parcerias. Agora um dos seus irmãos apareceu nos jornais do Panamá por usar o Fundo Soberano de Angola para branquear 5.000 milhões de euros.

Santoro faz feio o Caixabank por exigir “coisas alheias à operação” na assinatura do contrato, como o pagamento imediato de dividendos de 2014 e 2015 pelos lucros do BFA, onde o BPI tem 50,1%. Santoro diz ainda que o CaixaBank exigiu garantias para a exportação de divisas de Angola para a Europa, “em centenas de milhões de euros”. O não pagamento de dividendos é já uma prática habitual da empresária angolana, uma vez que não paga à operadora portuguesa PT, depois OI, os dividendos da sua participação na Unitel desde 2014.

A representação angolana refere ainda que assumiram os prejuízos do BPN, evitando mais um desastre para os bancos portugueses, com a criação do banco BIC, cujo novo CEO não foi aprovado pelo Banco de Portugal por estar implicado em ações judiciais sobre dinheiro lavagem. O BIC comprou o BPN por 40 milhões de euros, depois de as dívidas terem sido assumidas pelo Estado português.

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Raven Carlson

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