Discurso do Papa Francisco às autoridades à chegada a Portugal

O oceano, imensa extensão de água, lembra as origens da vida. No mundo desenvolvido de hoje, paradoxalmente, a defesa da vida humana tornou-se uma prioridade, ameaçada pelas tendências utilitaristas que a utilizam e descartam, a cultura da morte. Penso em tantos nascituros e idosos abandonados à própria sorte; na dificuldade de acolher, proteger, promover e integrar quem vem de longe e bate à porta; na solidão de muitas famílias que lutam para trazer ao mundo e criar os seus filhos.

Também aqui se poderia dizer: para onde navegam a Europa e o Ocidente, com o abandono dos idosos, os muros de arame farpado, as tragédias no mar e os berços vazios? Para onde vão se, diante da dor de viver, oferecem remédios superficiais e errados, como o acesso fácil à morte, uma solução de conveniência que parece doce, mas na verdade é mais amarga que as águas do mar? Penso em tantas leis sofisticadas sobre isso.

Lisboa, abraçada pelo oceano, porém, dá-nos motivos de esperança. É uma cidade de esperança. Um oceano de jovens inunda esta cidade acolhedora; e gostaria de agradecer o grande trabalho e o generoso empenho de Portugal em acolher um evento tão complexo de gerir, mas fecundo em esperança. Como se costuma dizer por aqui: “Perto da juventude não se envelhece”. Jovens de todo o mundo, que cultivam desejos de unidade, paz e fraternidade, jovens que sonham, desafiam-nos a realizar os seus sonhos de bem. Não estão nas ruas para gritar de raiva, mas para partilhar a esperança do Evangelho. E, se hoje em muitos setores existe um clima de protesto e insatisfação, terreno fértil para o populismo e as teorias da conspiração, a Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade para construirmos juntos. Reaviva o desejo de criar novidade, de fazer-se ao mar e navegar juntos rumo ao futuro.

Algumas palavras ousadas de Pessoa me vêm à mente: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. […]; o que é preciso é criar” (Navegar é preciso). Vamos trabalhar, então, com criatividade para construirmos juntos. Imagino três laboratórios de esperança nos quais todos possamos trabalhar juntos: o meio ambiente, o futuro e a fraternidade. Eu terminei com isso.

Miranda Pearson

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