O regime de Caracas celebrou nesta quinta-feira (10/08/2023) uma decisão que libera 1,5 bilhão de dólares do país caribenho bloqueado em Portugal há quatro anos devido a sanções, enquanto a oposição pedia que a ONU administrasse o dinheiro.
“A decisão foi tomada em Portugal por um tribunal ligado à justiça e ao direito internacional”, comentou. Nicolás Maduro em um evento oficial.
“Venezuela “Ele não desistiu, nem desistirá, de lutar para resgatar todo o dinheiro que pertence aos venezuelanos, todos os bens que pertencem aos venezuelanos”, acrescentou.
De acordo com um acórdão divulgado esta quarta-feira, um tribunal judicial de Lisboa ordenou ao Novo Banco que desbloqueasse cerca de 1,5 mil milhões de dólares de contas pertencentes a instituições e empresas do Estado venezuelano, como o Banco de Desenvolvimento Económico e Social (Bandes) e a petrolífera PDVSA.
Fundo para programas sociais
A oposição venezuelana pediu esta quinta-feira que o dinheiro fosse para um fundo acordado com o governo para programas sociais.
O antigo Parlamento de maioria oposicionista eleito em 2015, cujo mandato expirou em 2021 mas que defende a sua continuidade e que é reconhecido pelos Estados Unidos, exigiu num comunicado de imprensa que os recursos “sejam administrados pela Organização das Nações Unidas”.
Este fundo de 3.000 milhões de dólares foi acordado entre delegados de Maduro e da oposição em Novembro de 2022, na última ronda das negociações agora paralisadas no México.
A oposição propôs no texto fazer “acordos competentes” com o OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos).
“Em nenhum contexto estes recursos devem ser transferidos para o regime de Maduro, que demonstrou repetidamente que o dinheiro dos venezuelanos foi roubado”, insiste o boletim, em referência a um escândalo de corrupção revelado em Março passado que causou a demissão do outrora poderoso Ministro do Petróleo, Tareck El Aissami.
Banco procura esclarecer “dúvidas”
Numa comunicação enviada à AFP, o Novo Banco esclareceu que pediu aos tribunais que definissem qual era a representação legal da Venezuela devido à luta entre Maduro e o líder da oposição Juan Guaidó, reconhecido de 2019 a janeiro de 2023 como presidente venezuelano encarregado de mais de 50 países, entre os quais Portugal.
A própria oposição venezuelana eliminou este ano a figura do simbólico “governo interino”.
“Tendo em conta as obrigações legais impostas às instituições bancárias, o Novo Banco não pôde realizar qualquer transferência bancária até que estas dúvidas fossem esclarecidas”, informou o banco.
Não está claro como e quando o dinheiro será transferido.
A Venezuela tem sido alvo de sanções internacionais, principalmente dos Estados Unidos, na sequência de alegações de “fraude” contra a reeleição do governante socialista em 2018.
Maduro denuncia que a Venezuela tem pelo menos 24 mil milhões de dólares “sequestrados” no estrangeiro devido a estes bloqueios.
jc (afp, efe)
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