Caixa de fatos: as rígidas leis de aborto na América Latina

BOGOTÁ (Thomson Reuters Foundation) – A decisão da Argentina de manter suas rígidas leis de aborto deixou a América Latina e o Caribe com algumas das leis de aborto mais restritivas do mundo.

Os senadores argentinos rejeitaram por pouco um projeto de lei para legalizar o aborto depois que o debate se estendeu até a madrugada de quinta-feira, esmagando o apoio a um crescente movimento pelos direitos ao aborto.

Apesar das leis aprovadas na última década para facilitar as leis de aborto, o procedimento na maioria dos países da região ainda é permitido apenas em casos de estupro ou incesto, ou se a vida da mãe ou do feto estiver em perigo.

Um punhado de países, principalmente na América Central, proíbe o aborto em qualquer circunstância.

A questão do aborto divide profundamente a região de maioria católica, provocando debates acalorados.

A influente Igreja Católica Romana e grupos evangélicos – do Brasil e El Salvador à Colômbia e México acreditam – o aborto é um pecado. Eles dizem que a vida começa na concepção e as leis devem proteger os direitos do nascituro.

Ativistas pró-escolha dizem que uma mulher deve tomar decisões sobre seu próprio corpo e apontam para os perigos do aborto ilegal.

Ativistas pró-escolha agora depositam esperanças no Brasil, onde o tribunal superior do país realizou audiências na semana passada para considerar se deve permitir o aborto nas primeiras 12 semanas de gravidez.

Aqui estão alguns fatos e números importantes para a região:

– O aborto é totalmente proibido na Nicarágua, Honduras, El Salvador, República Dominicana, Haiti e Suriname.

– Em El Salvador, pelo menos uma dezena de mulheres estão presas por crimes relacionados ao aborto, cumprindo penas de prisão de até 40 anos. Pessoas que ajudam mulheres a fazer aborto também correm o risco de serem presas.

– Somente em Cuba, Uruguai e Cidade do México o aborto é legal, permitindo que as mulheres interrompam uma gravidez indesejada até as primeiras 12 semanas de gravidez.

– De 2010 a 2014, cerca de 6,5 milhões de abortos ocorreram todos os anos na região, contra 4,4 milhões de 1990 a 1994.

– Cerca de 900 mulheres morreram na região em decorrência de abortos inseguros em 2014, muitas delas mulheres pobres e rurais.

– Cerca de 760.000 mulheres por ano na região são tratadas por complicações de aborto inseguro, incluindo infecções e sangramento.

– No ano passado, o Chile foi o último país da região a derrubar sua proibição total do aborto. As mulheres agora podem fazer o procedimento quando sua vida está em perigo, quando o feto é inviável ou quando a gravidez é resultado de estupro.

– Cerca de 47.000 mulheres morrem de abortos malsucedidos a cada ano em todo o mundo, representando até 13% das mortes maternas.

Fontes: Organização Mundial da Saúde, The Guttmacher Institute, The Citizen Group for the Decriminalization of Abortion.

Eloise Schuman

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