Mais de 900 palestrantes, 2.000 start-ups, 1.000 investidores: este ano, o Summit WebSummit em Lisboa espera cerca de 70.000 participantes; tanto quanto nos melhores tempos pré-pandêmicos.
“O espaço do expositor aumentou em 60%”, relata Paddy Cosgrave, organizador do encontro, em entrevista exclusiva à DW. “Isso é muito mais do que tivemos no que foi o maior encontro até agora, em 2019, então tudo será ainda maior”. Para a noite de abertura de terça-feira, ele promete grandes surpresas: “Não podemos revelar os nomes dos palestrantes ainda por questões de segurança. Mas são figuras políticas de renome mundial”. E, claro, estarão também presentes o Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa, bem como o autarca Carlos Moedas.
Criptomoedas, os protagonistas
A lista de temas é quase infinita e diversificada, mas o WebSummit este ano se concentra especialmente em criptomoedas. De acordo com Cosgrave, eles chamaram a atenção com manchetes particularmente ruins. “Muito dinheiro está queimando e os responsáveis têm que se apresentar e se explicar”, diz Cosgrave. “Muitas pessoas perderam muito dinheiro, parece que alguns dos responsáveis estão até presos. Você tem que fazer as perguntas difíceis.”
A turbulenta economia mundial também será tema da cúpula: Cosgrave cita a guerra econômica entre Estados Unidos e China, na qual a Europa também está envolvida, e a questão energética, que agora domina tudo. “O financiamento e o crescimento tornaram-se muito mais difíceis para as start-ups e este é outro aspecto que queremos destacar este ano”.
A guerra na Ucrânia e a situação no país também estarão no centro das atenções: “Muitos chefes de empresas que desejam a paz compartilharão sua opinião”, anuncia Cosgrave. “E, claro, também importantes representantes da OTAN e da Ucrânia se juntarão à discussão.” O país está representado com estande próprio.
Noite de cúpula e gentrificação
Mas uma parte importante do cume também é a diversão. “Beber em companhia casual geralmente abre novas oportunidades de negócios”, diz Paddy Cosgrave. Assim, todas as noites os participantes vão festejar em diferentes bairros da cidade.
Algo que não é apreciado por todos os habitantes, que reclamam da gentrificação de sua cidade, que não conseguem mais encontrar apartamentos acessíveis por causa do turismo e dizem que bairros inteiros estão perdendo sua característica original. O governo, ao contrário de muitos lisboetas, não vê esta gentrificação como um problema mas sim como uma oportunidade. Cosgrave admite que o WebSummit também é parcialmente responsável por esse fenômeno. “Mas é papel dos políticos garantir que as cidades se desenvolvam de forma harmoniosa e sustentável”, ressalta. Segundo o organizador, Lisboa e Portugal teriam dinheiro suficiente para proporcionar também habitação a preços acessíveis: “É uma irresponsabilidade que as cidades cresçam e recebam muito dinheiro dos contribuintes mas não resolvam os problemas sociais que surgem”.
(s/s)
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