O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, afirmou, na cimeira da União Africana, que Portugal quer assumir um papel de liderança para “ajudar a União Europeia a perceber que está prestes a mudar o continente africano”.
O Ministro falava à Agência Lusa em Adis Abeba, na Etiópia, onde teve início uma série de reuniões bilaterais, nos dias que antecederam a cimeira de Chefes de Estado e de Governo, nos dias 18 e 19 de fevereiro, que contará com a presença do Primeiro-Ministro. -Ministro português, António Costa.
O chefe da diplomacia portuguesa disse ainda que o país está muito empenhado “em sublinhar no espaço europeu o interesse direto da União Europeia e, ao mesmo tempo, também interessado em identificar os ajustamentos necessários”, inclusive em termos políticos no União Europeia, como forma de apoiar o continente africano.
O apoio de Portugal à União Europeia, segundo João Gomes Cravinho, pode passar também pela replicação de alguns modelos de cooperação na área da segurança, como é o caso das falhas ferroviárias com considerável sucesso no norte de Moçambique.
Nestes casos, continua o ministro, é preciso “saber extrair os recursos certos” e Portugal está “muito bem posicionado” para desempenhar esse papel, porque tem “uma certa tradição de participação nas cimeiras da União Africana”, mas nunca ao nível de um chefe de Governo que representa “uma reconfirmação por parte da União Africana de que Portugal é: uma ponte entre África e a Europa”.
Arquitetura de Segurança
O ministro João Gomes Cravinho – que está nesta quarta reunião com Bankole Adeoye, comissário da UA para a Paz e Segurança – disse também que a “arquitetura de segurança” africana “é frágil” e que este comissário transmitiu um pedido de “apoio de países como Portugal e instituições como a União Europeia para a paz e a estabilidade no continente, em linha com o princípio de “soluções africanas para os problemas africanos”.
Neste sentido, explica o MNE português, a UA pondera revisitar a Convenção de 1977 contra actividades mercenárias no continente africano, de forma a evitar a presença, entre outros, do Grupo Wagner, organização próxima do Kremlin que tem vindo a operar nalguns países africanos. Se esta medida vier a ser aprovada, estará aberto o caminho “para que, em países como a República Centro-Africana ou o Mali, haja uma nova abordagem em relação à Paz”.
Sobre o conflito oriental na República Democrática do Congo, “onde estão envolvidos vários países africanos”, Gomes Cravinho afirmou que as partes devem sentar-se “à mesa das negociações para encontrar soluções pacíficas para os problemas que estes países enfrentam, mas também de natureza interna”.
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