VÍDEO. Conheça os tubarões gigantes das ilhas dos Açores

O que atrai os maiores peixes do mundo a este arquipélago português? A estranha migração para estas águas do Atlântico é o mistério que está no centro do documentário “A Ilha dos Gigantes”.

Por Agência EFE/T. Estrada
28 de junho de 2022 – 06:50

O projecto teve início em 2008, quando pescadores dos Açores começaram a falar dos “pintados” (tubarões-baleia) que chegavam no Verão à ilha de Santa María, no extremo sul do arquipélago, rodeados de gigantescas colónias de atum, Nuno Sá, cinegrafista aquático e diretor do documentário “A Ilha dos Gigantes”, explica à Efe.

A partir daí, pescadores, pesquisadores e observadores passaram a trabalhar com a mais poderosa tecnologia para estudar a migração de animais que costumam viver em águas quentes tropicais e subtropicais.

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Mas, depois de vários períodos de verão, os gigantescos tubarões-baleia, que podem atingir 17 metros de comprimento e 34 toneladas e são capazes de percorrer metade da circunferência da Terra, deixaram de se aproximar da ilha portuguesa.

“Durante sete ou oito anos esse documentário ficou guardado na gaveta e esquecido porque não tinha história, até há poucos anos eles voltaram”, lembra Sá.

O tubarão-baleia, que chega a estas águas do Atlântico rodeado de toneladas de atum. Foto / Nuno Sá, EFE

Mas qual o motivo da sua estadia nos Açores?

A migração dos tubarões-baleia para a Ilha de Santa María nos verões mais quentes é um produto da atividade humana, concluem os especialistas.

Uma das hipóteses é que estas ocorrências de tubarões-baleia sejam consequência do aquecimento global e, em particular, da temperatura da água”, disse à Efe o investigador Jorge Fontes.

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“Tudo parece indicar que é por isso que começaram a aparecer nas últimas décadas e parecem ir cada vez mais para norte, porque as águas de todo o planeta estão um pouco mais quentes”, acrescenta Nuno Sá.

Além disso, a travessia de correntes frias e quentes e a extensa biodiversidade da zona, com águas ricas em nutrientes que no verão produzem a quantidade de alimento necessária para este tubarão, facilitam a sua presença na zona.

Esses peixes gigantes podem medir até 17 metros de comprimento.  Foto / Nuno Sá, EFE
Esses peixes gigantes podem medir até 17 metros de comprimento. Foto / Nuno Sá, EFE

Tudo isto justificaria a migração e porque apenas os maiores desta espécie chegam aos Açores, por terem maior capacidade de suportar temperaturas mais frias.

Outra das grandes incógnitas é a relação destes gigantes com os cardumes de atuns que os acompanham e que, segundo os investigadores, responde a uma estratégia de caça.

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“Percebemos que o tubarão-baleia só se alimentaria se tivesse atum que o ajudasse a encurralar e concentrar os pequenos peixes de que se alimenta”, detalha Fontes.

O tubarão, lento demais para ir caçar, detectava suas vítimas, parava e deixava o atum cercá-lo, formando uma espécie de bola por onde passa o maior peixe do mundo para se alimentar.

O que ainda é um mistério é a vantagem que os atuns encontram.

Vista panorâmica da Ilha de São Jorge, no Arquipélago dos Açores, Portugal.  Foto / arquivo AFP
Vista panorâmica da Ilha de São Jorge, no Arquipélago dos Açores, Portugal. Foto / arquivo AFP

“Talvez seja porque, por natureza, os atuns gostam de se reunir em locais de referência e o tubarão-baleia é esse ponto. Outra hipótese é que os tubarões-baleia sejam melhores que os atuns na detecção de peixes pequenos”, afirma o cinegrafista Nuno. Sim.

Mas os atuns não são os únicos aliados do tubarão-baleia.

Os investigadores recordam que em 2019 os atuns desapareceram de Santa María e os gigantes encontraram um substituto no verdinho.

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Este filme será transmitido durante a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que terá lugar em Lisboa entre 27 de junho e 1 de julho. A sua mensagem é clara: “Não há problema isolado nos oceanos”.

O Arquipélago dos Açores, oficialmente Região Autónoma dos Açores, é constituído por nove ilhas, localizadas em pleno Oceano Atlântico, a cerca de 1.400 quilómetros a oeste de Lisboa. Fazem parte da Macaronésia.

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Darcy Franklin

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