Descrição do projeto por Lopes Pertile Arquitetos
“Esta casa representa minha mente: sequencial, rigorosa, sistemática e clara.”
Estas foram as palavras do cliente no momento em que viu a primeira proposta de projeto.
A casa torna-se, assim, o reflexo de quem a habita, que lhe deu forma, transformando-a em arquitetura.
Por isso, quando fomos expostos ao forte desejo de projetar uma casa em “L”, decidimos aceitar este desafio, sem preconceitos ou clichês, através da experimentação e, acima de tudo, apostando no objetivo de construir bem, acompanhando o projeto desde o início, desde a sua concepção criativa até à sua execução em obra, com cuidado e dedicação, pensando a arquitetura como a arte de oferecer.
Do latim “primus”, nasce assim a primeira obra, da procura da essência, do princípio de algo para o seu utilizador, assim como para o seu criador.
A Casa Primus está virada para uma generosa paisagem de encostas, desfrutando de uma vista privilegiada sobre o contexto rural, delicadamente suportada por um pódio natural, suspenso em cota elevada.
A casa está integrada no lugar, faz parte dele, e isso só é possível a partir de um trabalho de topografia que lhe permita acomodar o que a rodeia sem limites, eliminando fronteiras e onde o terreno está em continuidade com a paisagem e vice-versa.
A arquitetura dialoga com a paisagem, criando uma relação que não é mimese nem antítese, mas sim um equilíbrio entre ambas.
Casa Primus por Lopes Pertile Arquitetos. Fotografia de João Morgado.
Essa linha horizontal segue o avanço contínuo da colina sem nunca interrompê-la. Ao mesmo tempo, a leitura desta linha branca e clara destaca-se no contexto do perfil sinuoso da sua paisagem verdejante de encostas onde casa e paisagem, pela sua proximidade, reforçam e intensificam a sua natureza diversa.
O exterior adentra a casa, pelos espaços limite, os alpendres, que são subtrações que quebram o “L” tornando-se lugares que albergam a vida doméstica, lugares de estar, momentos de proteção e transição e, por fim, molduras para a paisagem.
A transição entre os quartos e o alpendre foi resolvida com a construção de um pormenor que permitisse a passagem fluida sem qualquer tipo de obstáculo ao nível do solo ou do tecto, mantendo uma altura constante.
A superfície de vidro dos quartos reflete a colina para a qual se olha. Apesar de albergar vários espaços, esta divisória não é perceptível do exterior porque as paredes interiores não se prolongam para o alçado, mas sim reduzem a sua espessura até ao encontro das caixilharias.
Nesta casa, os pormenores feitos à medida possibilitaram uma construção simples e duradoura, numa lógica de poupança de meios e recursos.
O desenho dos detalhes acompanha toda a obra, tornando-se o princípio da ordenação contínua, capaz de manter tudo junto para que o projeto seja lido na sua unidade, onde o detalhe é a chave do todo e o todo se reflete nos seus detalhes, concretizado. através do cuidadoso trabalho do artesanato local.
O objetivo constante deste projeto é a simplicidade do seu resultado, que nada mais é do que uma complexidade resolvida.
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