Renault 4 comemora 60 anos de produção na Argentina

Hoje parece a coisa mais comum do mundo, mas na década de 50 o Renault 4 introduziu uma novidade, a porta traseira acoplada aos bancos traseiros rebatíveis para jogar entre a capacidade de passageiros ou de carga.


Já falei, hoje não podemos pensar em um hatch sem essa solução, mas devemos tudo ao clássico R4, modelo nascido na França que teve uma longa passagem pela Argentina e comemora 60 anos de produção nacional na fábrica de Santa Isabel.


História do Renault 4: A gestação do mito



Em 1955, Pierre Dreyfus, diretor-geral da Régie Nationale des Usines Renault, propôs a criação de um utilitário polivalente que teria as seguintes características: uma carroceria elevada de quatro portas, a já mencionada porta traseira e suspensões confortáveis. Além disso, ofereceria a possibilidade de retirar facilmente os assentos para desfrutar de um piquenique no meio do campo.


Os primeiros designs chegaram em 1957, dando início ao desenvolvimento do 350; mais tarde conhecido como Projeto 112.


Em 1959, a aparência final do carro, obra de Robert Barthaud, foi concluída e os testes começaram, incluindo quase três milhões de quilômetros ao redor do mundo.


Anos 60: surge o Renault 4



Finalmente, o R4 foi apresentado no Salão Automóvel Internacional de Frankfurt a 21 de setembro de 1961 e a 6 de outubro teve a sua estreia oficial no Salão Automóvel de Paris.


O Renault 4 também representou uma mudança radical para a marca que vinha trabalhando com o conceito “All Behind” referente a (motor, câmbio e tração traseira).


Mecanicamente, foi utilizado o motor de quatro cilindros “Billancourt” com árvore de cames lateral comandada por uma cascata de pinhões e corrente, que já tinha sido utilizado no 4CV e no Dauphine/Gordini. No R4 era oferecido com duas opções de motorização:


  • 603 cm³ e 17 cavalos
  • 747 cm³ com 24 cavalos


Ambas as opções estavam associadas a uma caixa de três velocidades com comando para o tablier, a mesma solução do 2CV.


O Renault 4 teve sua versão de trabalho, o R4 Fourgonette. Em 1962 começou a ser comercializado na Alemanha, e em 1963 iniciou sua produção em Córdoba, Argentina, em Valladolid, Espanha e em Portugal.


Alguns anos depois, precisamente no dia 3 de março de 1964, o modelo alcançou a marca de 500.000 unidades produzidas. Em 1965, o Renault 4 mudou para o nome R4.


Entre algumas variantes curiosas do R4 temos um com mecânica 4×4 e outro conversível (sem portas) “Plein Air” (“Outdoor”), ambos desenvolvidos pela empresa “Sinpar”, havia também um Renault 4 coupé de duas portas com distância entre eixos mais curta.


Anos 70: modernização do R4



Em 1971 o modelo francês aumentou cilindrada e potência de 747 cc para 782 cc, além da variante de 845 cc. Em 1975 a estética foi renovada com a nova grade retangular de plástico entre muitos outros elementos.


No local de trabalho, a versão furgão cresceu 80 mm e em 1978 foi lançada a versão picape.


R4 no mundo e na Argentina



Produzido na Iugoslávia, o R4 foi exportado para a Colômbia como um kit CKD (Completely Knock Down), onde foram montados. O mesmo foi feito no Chile, mas com peças da Argentina e da França.


No nosso país o Renault 4 veio das mãos da Industrias Kaiser Argentina SA e a partir de 26 de setembro de 1963 tornou-se o segundo produto da marca diamante fabricado na fábrica de Santa Isabel em Córdoba.


Ao contrário do europeu, o modelo nacional usava um motor Ventoux (versão esportiva do Billancourt) de 845 cc, o mesmo do Dauphine nacional. A caixa era de três mudanças.


O progresso do R4 foi rápido na Argentina, em 1964 adicionou a versão “Van” nas variantes de carga e família com bancos traseiros, em 1965 toda a gama incorporou a caixa de 4 marchas e o sistema elétrico de 12 Volts.


Entre algumas versões especiais, foi criado o Renault 4F Ambulance e produzidas 100 unidades da versão Parisienne.


Ameaçado pelo Renault 6, lançado em 1969, o R4 foi atualizado em nosso país, incluindo elementos como a nova grade paisagística que unia os dois faróis principais e o novo logotipo da marca, além do motor 1.0L CléonFonte. Um ano depois, surgiu “El Correcaminos”, que se destacou por seus faróis auxiliares circulares na frente da grade, faixas laterais decorativas e aros sem copos.



No final de 1978, veio a próxima grande atualização do modelo, que incluía uma nova grade de plástico e molduras laterais cinza fosco, novo marcador retangular e indicadores de direção. Em 1981, foram adicionadas algumas defesas laterais metálicas que foram integradas ao para-choque dianteiro.


No final de 1984, o Renault 4 recebeu suas últimas atualizações. Os novos modelos, denominados 4 GTL e 4-F4, traziam motor de 1.118 cc e 51 cavalos de potência e novo sistema de arrefecimento com ventilador elétrico, entre outros. Também houve mudanças internas, incluindo um painel de instrumentos semelhante ao do Renault 5.


Já no final de sua vida útil, em 1985 foi adicionada uma versão pick-up, que foi importada do Uruguai sob o regime CKD. Finalmente, em 29 de dezembro de 1987, vendeu a última das 157.315 unidades fabricadas no país ao longo de 25 anos de Santa Isabel.

Miranda Pearson

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