O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou esta quinta-feira eleições antecipadas para 10 de março de 2024, Após a crise política decorrente da demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro, no meio de um escândalo de corrupção que afecta o seu Governo.
“Optei pela dissolução da Assembleia da República e pela marcação de eleições para 10 de março de 2024”, anunciou Rebelo de Sousa à saída de uma reunião do Conselho de Estado que durou quase quatro horas.
Durante o seu discurso, Rebelo de Sousa, que agradeceu a Costa o “alto gesto” que teve ao apresentar tão rapidamente a sua demissão, destacou que A proposta dos socialistas de manter o actual governo com um novo primeiro-ministro interino não foi a melhor solução para resolver esta crise política..
Assim, explicou que esta opção significaria colocar no cargo “outro primeiro-ministro não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular”, existindo também “o risco de esta fragilidade se traduzir num mero adiamento da dissolução para um momento pior, com uma situação mais crítica e imprevisível.
Rebelo de Sousa indicou que tentou “encurtar ao máximo” a data para marcar a convocação de novas eleições, mas isso não foi possível em parte porque o Partido Socialista precisa de tempo para eleger uma nova liderança.
Por fim, Rebelo de Sousa optou pela opção que tem sido mais popular nestes dias e que os líderes dos partidos com representação parlamentar defenderam durante a reunião que manteve com eles esta quarta-feira.
A principal força de oposição, o Partido da Social Democracia (PSD), reagiu qualificando a decisão do presidente de “inevitável”. O seu líder, Luís Montenegro, indicou que esta é a forma de restaurar o “prestígio” das instituições, depois dos últimos acontecimentos ocorridos.
Sobre a decisão de executar os orçamentos de 2024 antes da convocação de eleições, Montenegro destacou que embora o PSD tenha um “desacordo de fundo” com a proposta socialista, compreende a decisão do presidente em mantê-la. “Melhor uma ruim do que nenhuma”, disse ele.
O Bloco de Esquerda (BE) indicou que embora tivesse preferido uma convocatória anterior, compreende esta data, embora lamente a decisão de ter de votar estes orçamentos, que não respondem às reais necessidades dos portugueses, disse o porta-voz parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares.
Nesta linha, embora tenha sido mais crítica a deputada comunista Paula Santos, para quem as eleições “deveriam ser realizadas mais cedo” e critica que tenham sido adiadas devido a orçamentos que “não respondem” aos interesses dos trabalhadores.
Por seu lado, o líder dos liberais, Rui Rocha, também lamentou que este seja o orçamento que tem de ser votado antes da saída de Costa. Não há “qualquer entusiasmo pela decisão de entrada em vigor deste orçamento (…) Algumas coisas positivas que pode ter são compensadas pelas muitas coisas negativas que tem”, protestou.
Rocha censurou os socialistas pela data destas novas eleições, pois acredita que “perfeitamente” poderiam ter acelerado a eleição do seu novo líder. “Mais uma vez a urgência da mudança e da transformação é onerada pela incapacidade do PS em acelerar as suas decisões”, criticou.
Na terça-feira, O Ministério Público realizou buscas nas sedes dos Ministérios das Infraestruturas e do Ambiente, bem como em alguns dos gabinetes da residência oficial de Costa por alegadas irregularidades na concessão de contratos públicos para exploração de jazidas de lítio e produção de energia limpa com hidrogênio..
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