O presidente de Portugal, o conservador Marcelo Rebelo de Sousaabre caminho para eleições antecipadas após a crise política aberto no país com as partes divididas sobre qual seria a melhor solução e a possível data de uma eleição.
Rebelo de Sousa ainda não anunciou formalmente o caminho que vai seguir para sair da crise, mas nas últimas semanas já afirmou em várias ocasiões que se os Orçamentos caírem vai dissolver o Parlamento e convocaria eleições antecipadas.
Antes de comunicar sua decisão, o presidente está realizando uma rodada de contatos com os principais atores do país e hoje foi a vez dos partidos com representação parlamentar, que eles são divididos e, alguns deles, até atolados em guerras internas.
A esquerda, entre eleições e outra alternativa
O governo socialista já afirmou que quer eleições o mais rápido possível para não prolongar mais incertezas sobre o futuro do país, mas seus ex-parceiros de esquerda insistem que existem alternativas.
“A Constituição permite outros caminhos e todos eles devem ser considerados”, disse hoje o líder parlamentar dos Verdes, José Luis Ferreiradeixando sua reunião com o presidente.
O Bloco de Esquerda e os comunistas também afirmaram nos últimos dias que a rejeição dos projetos de lei de 2022 -contra os quais votaram- não leva necessariamente a uma eleição antecipada e que existe até a possibilidade de apresentar um novo Orçamento.
Ainda assim, os socialistas já pensam em eleições com António Costa à frente, que confirmou que será o candidato, e não se sabe qual a estratégia que vai seguir nessas eleições: atacar a esquerda em busca da maioria absoluta, como em 2019, ou construir pontes pensando em uma aliança se as contas não saírem.
O atual ministro das Relações Exteriores Augusto Santos Silvajá disse esta semana que não descarta uma nova “geringonça”, como é chamado o governo de coligação em Portugal.
Do outro lado, o líder do Bloco, Catarina Martins, considerou, em entrevista publicada hoje pelo semanário Expresso, que se os socialistas não obtiverem maioria absoluta terão de “repensar” e negociar com a esquerda.
Nem os conservadores fecharam a porta a Costa, e o líder da oposição, Rui Rio (PSD, centro-direita), mostrou-se disponível para conversar com os socialistas caso surja o caso.
Guerras internas à direita
À direita, a crise chegou em um momento de divisão interna nos principais partidos.
O PSD está em meio a uma guerra pela presidência do partido, que o Rio ocupa desde 2018, muito discutida por sua oposição morna ao governo socialista.
O Rio ia ver os rostos com o eurodeputado Paulo Rangel ena primárias previsivelmente em dezembro, mas a convocação de eleições antecipadas pode mudar esses planos.
“Portugal deve ser colocado em primeiro lugar, não podemos esperar tanto tempo”Rio disse ontem à noite em entrevista à rede portuguesa SIC, onde defendeu que a disputa interna do PSD deveria ser adiada e as eleições legislativas realizadas na primeira quinzena de janeiro.
Rangel pediu que as eleições sejam realizadas pelo menos até fevereiro, para dar tempo aos partidos de se reorganizarem.
Os democratas-cristãos do CDS estão em situação semelhante, onde a atual liderança acaba de adiar o congresso que estava marcado para novembro para eleger um presidente, o que seus oponentes não gostaram.
O CDS perdeu peso eleitoral nos últimos anos, mas é fundamental para alianças à direita e até apareceu em várias vezes em coligação com o PSDcom quem governou entre 2011 e 2015.
Outro partido determinante para essas alianças é o Chega, de extrema-direita, que agora tem apenas um deputado, mas prevê-se um crescimento significativo nas urnas.
O PSD admitiu negociar com o Chega “se o partido moderar” e o líder de extrema direita, André Ventura, foi hoje a favor das eleições “o mais rápido possível”.
“São os partidos que têm que se adaptar ao país, não o país aos partidos”, disse.
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