Os políticos portugueses dividem seu tempo entre o sul do país e sua terra natal para aproveitar as férias, acompanhados de opções literárias que vão de vencedores do Prêmio Nobel a livros técnicos como gramática grega e latina.

Em meados de agosto, com o Parlamento em recesso, os políticos portugueses vão de férias e preferem destinos nacionais. O sul do país é um dos destinos preferidos, mas também há quem opte por ficar em casa.

O Presidente da República parte em meados de agosto para a cidade algarvia de Monte Gordo, no concelho de Vila Real de Santo António, mas, questionado pela Lusa, ainda não escolheu o material de leitura que o acompanhará nestas férias.

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, disse que vai passar férias na região do Algarve, sem especificar onde. Já escolheu ler três obras de autores internacionais: “Submissão”, de Michel Houellebecq, na Alfaguara; “Os Próximos 100 Anos”, de George Friedman, na D. Quixote; e “Trilogia – Vigília. Os Sonhos de Olavo. Fadiga”, do Nobel da Literatura de 2023 Jon Fosse, na Cavalo de Ferro.

O secretário-geral do PS vai de férias no final desta semana e “vai passar pelo Algarve”, informou a sua assessoria de imprensa, que não especificou se Pedro Nuno Santos levará consigo algum material de leitura.

O presidente do Chega estará no Algarve. André Ventura estará de férias entre 9 e 18 de agosto, mas também não quis adiantar se se dedicará à leitura durante a pausa do trabalho político.

O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, é um dos líderes do partido que prefere fazer uma pausa na cidade onde cresceu. Rocha nasceu em Angola, mas anos depois a família acabou por se fixar em Braga, cidade onde o liberal passará férias. Rui Rocha trará o livro “O Fim do Homem Soviético”, da Nobel da Literatura de 2015, a bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, publicado em Portugal pela Porto Editora. Disse ainda à Lusa que quer atualizar a leitura da série de banda desenhada belga Blake & Mortimer, de Edgar P. Jacobs.

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, também vai afastar-se dos grandes centros turísticos, indo para a sua “aldeia ancestral”, a aldeia ribatejana de Arrifana. Durante as férias, continuará a ler manuais e gramáticas básicas de grego e latim, escolha que justifica porque “não aprendeu grego e latim na altura certa”. O porta-voz do Livre promete “continuar a tentar melhorar” nestas duas línguas, pois considera que é uma boa forma de aproveitar o tempo livre e que “é para isso que servem as férias de verão”.

Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, aproveitará as férias para estar com a família, passando, como é habitual, alguns dias no Alentejo, região onde nasceu. Trará consigo o livro “Pedra e Sombra”, do romancista turco Burhan Sönmez, publicado pela Livros do Brasil.

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, vai deslocar-se ao litoral alentejano e escolher o livro “Mil-homens”, da Poética Edições, do autor português – e cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Viseu nas últimas eleições legislativas – Alexandre Hoffman Castela.

Nuno Melo, líder do CDS e ministro da Defesa, explicou que “o ritmo do governo e os problemas herdados no Ministério da Defesa Nacional dificilmente permitirão férias no sentido clássico do termo”, mas que “se tiver alguns dias” irá para o norte, para Moledo, no Minho, onde passa férias desde criança. Para estas férias, o ministro da Defesa escolheu o livro “1821, o Regresso do Rei”, da Editorial Planeta, escrito por Armando Seixas Ferreira, atual chefe de imprensa daquele ministério.

A líder do PAN, Inês Sousa Real, vai passar férias na Costa Vicentina e terá à disposição o clássico “O Sol é para Todos”, de Harper Lee, da Relógio d’Água, e a obra de Margaret Atwood recentemente adaptada para série televisiva, “The Handmaids Tale”, da Bertrand Editora.

O primeiro-ministro Luís Montenegro recusou-se a responder a um pedido da agência Lusa a figuras importantes da política nacional sobre as suas férias.