LISBOA.- O Ministro da Saúde de Portugal, Manuel Pizarrofoi chamado a comparecer perante uma comissão parlamentar de saúde, após o anúncio da contratando de médicos cubanospresumivelmente para atender à demanda de profissionais em áreas de atenção primária em algumas regiões daquele país.
A medida não foi bem recebida pela classe médica portuguesa. O secretário-geral do Sindicato dos Médicos Independentes (SIM) do país europeu, Jorge Roque da Cunha, descreveu a contratação de médicos estrangeiros como “profundamente lamentável”.
De acordo com a revisão Notícias MartiO SIM expressou seu descontentamento, pois os médicos portugueses estão em greve há vários dias, exigindo aumento salarial e maior investimento no Serviço Nacional de Saúde. De acordo com os relatórios do SIM, houve mais de 2.000 demissões no setor médico nos últimos dois anos, e cerca de 1.100 médicos devem se aposentar nos próximos anos.
A situação levou a presidente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá, a anunciar uma greve prevista para 1 e 2 de agosto em protesto contra esta medida.
As chamadas “brigadas médicas” cubanas, que foram enviadas para vários países, são uma das principais fontes de ganhos em moeda estrangeira para Cuba. No entanto, elas também foram alvo de críticas por parte de alguns governos e organizações internacionais, que as apontaram como uma forma de escravidão moderna.
O partido Iniciativa Liberal Portuguesa condenou a possibilidade de o Estado português ser “cúmplice de formas de escravidão moderna” ao contratar médicos cubanos, citando relatos que alegam violações das liberdades fundamentais desses profissionais.
O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, destacou vários relatos que descrevem situações em que Os médicos cubanos são privados de liberdades pessoais e de trabalho, como a necessidade de autorização para qualquer relacionamento pessoal fora do trabalho. Ele também disse que se algum desses médicos decidir não cumprir o contrato e permanecer em Portugal ou for para outros países, enfrentará uma proibição de oito anos de retornar a Cuba.
Segundo Rocha, a agência cubana que envia esses profissionais receberia grande parte das indenizações pagas pelo Estado português, enquanto os médicos receberiam salários abaixo dos padrões aplicáveis em Portugal.
A questão também foi abordada em resolução do Parlamento Europeu de setembro de 2021, que se referiu à existência de exploração laboral e violação de direitos humanos neste tipo de contratos realizados pelo regime cubano com diferentes países.
Diante dessas críticas e controvérsias, o governo português deve abordar com cautela a contratação de médicos estrangeiros e considerar as legítimas demandas e preocupações levantadas pela classe médica e organizações de direitos humanos. A situação coloca as condições de trabalho e os direitos dos profissionais de saúde no centro do debate, bem como as implicações éticas e políticas da cooperação médica internacional entre países.
FONTE: Com informações do Martí News
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