É provável que Luis Buñuel tivesse razão quando escreveu nas suas memórias que “Portugal é um país mais longe de nós do que a Índia”. Questão de vizinho. O que ele não previu é que as séries de televisão diluem gradualmente essa distância, Afinal, conhecer é compreender.
Os sete capítulos do interessante causa própria, a série portuguesa que passa no HBO Max, permite conhecer os meandros da justiça e do quotidiano de uma pequena cidade portuguesa, com um juiz e um inspetor como protagonistas. Claro que no quotidiano surgem situações extraordinárias, neste caso a morte de um jovem em circunstâncias estranhas, facto que o inspetor da polícia local deve resolver e o juiz julgar.
Realizado por João Nuno Pinto e interpretado por Margarida Vila-Nova e Nuno Lopes nos papéis principais, causa própria combina dois modelos de séries de televisão com elegância sóbria e narrativa ortodoxa: a que se passa nos tribunais e a série policial, também chamada não irsem desdenhar uma história de amor, que alcança, supomos, uma ampla aceitação, pois ao tema lúdico devemos acrescentar uma realização funcional, longe de tantos truques digitais e “roteiros de chocalho”, parafraseando o grande Marsé quando se referia ao estilo literário de quem antepõe o barulho artificial e vazio ao esforço da saudade do bem feito.
A série também mostra os hábitos dos adolescentes, aqueles estranhos seres pelos quais todos passamos com mais ou menos graça que, naturalmente, não diferem em nada dos de outros países “tão perto e tão longe”, como diria o clássico. . O que já foi dito: conhecer é compreender e a série portuguesa cumpre com eficácia a sua missão. questão de talento
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