O banco português Novo Banco, criado em 2014 após a falência do Banco Espírito Santo (BES), garantiu que a decisão de um tribunal de Lisboa que concede ao Governo da Venezuela o direito de recuperar cerca de 1.500 milhões de dólares (1.366 milhões de euros) bloqueados desde então 2019 na entidade não terá impacto nos rácios de liquidez ou de capital. “O acórdão proferido pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa era aguardado pelo Novo Banco e esclarece questões que o próprio banco tinha suscitado, ex officio, perante os tribunais portugueses devido às dúvidas existentes sobre a representação legal das entidades públicas venezuelanas”, afirmou. explicou o banco numa resposta enviada à comunicação social portuguesa. Segundo o jornal ‘Jornal de Negócios’, o banco lembra que “atendendo aos deveres legais impostos às entidades bancárias, não poderia realizar transferências bancárias até que fossem esclarecidas as dúvidas acima referidas”, acrescentando que esta não é uma situação que ocorre exclusivamente em Portugal. Em qualquer caso, a entidade sublinha na sua resposta que “a decisão agora conhecida não tem impacto na liquidez ou nos rácios de capital”. O Governo da Venezuela anunciou ontem que uma decisão judicial de um tribunal de Lisboa lhe concedeu o direito de recuperar cerca de 1,5 mil milhões de dólares que permaneceram bloqueados em Portugal devido a divergências políticas sobre a legitimidade da Administração chefiada por Nicolás Maduro. Os líderes chavistas partilharam esta quarta-feira nas suas redes sociais o conteúdo de uma decisão que daria luz verde a Caracas para aceder às contas do Novo Banco em nome de várias instituições públicas venezuelanas, incluindo a petrolífera estatal PDVSA ou o Banco de Desenvolvimento Económico e Social. (BANDAS). “O Governo Bolivariano vence o julgamento e recupera os seus bens em Portugal”, anunciou o ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, na sua conta na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. “Foram desbloqueados mil milhões e meio mil milhões de dólares do Novo Banco”, disse. Por sua vez, o chefe dos Negócios Estrangeiros, Yván Gil, comemorou que “a Venezuela vence o julgamento” e “recupera o controlo dos activos em Portugal”, um marco que atribuiu ao “longo trabalho” e “sobretudo” ao “resistência” do povo venezuelano e do Governo de Maduro, “que não se deixam abater pelas ameaças do imperialismo e dos golpistas”. O próprio Maduro exigiu em abril de 2019 às autoridades portuguesas a devolução do dinheiro bloqueado, que estimou em mais de 1,7 mil milhões de dólares. Portugal, tal como outros países, questionou a propriedade destes fundos depois de dezenas de governos estrangeiros terem deixado de reconhecer Maduro como o presidente legítimo da Venezuela. A situação agora é diferente na Venezuela, já que até a Assembleia Nacional eleita em 2015 e dominada pela oposição eliminou a figura do ‘governo interino’ que o então presidente do Parlamento, Juan Guaidó, assumiu em janeiro de 2019. Esta Assembleia continua a opera embora lhe falte poder real e, nos últimos meses, os países críticos de Maduro relaxaram a pressão política sobre ele com vista a alcançar algum tipo de acordo político.
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