Mário Soares, considerado o “pai da democracia” em Portugal, morreu este sábado, aos 92 anos, num hospital de Lisboa.
Era o Primeiro-ministro do país entre 1976 e 1978, após a Revolução dos Cravosna qual desempenhou um papel fundamental e pôs fim a 48 anos do governo de facto de António de Olivera Salazar.
Soares (Lisboa, 1924) regressou ao cargo no início dos anos 80 e foi presidente da República entre 1986 e 1996.
Ele também fundador do Partido Socialista Luso encontrava-se em estado crítico desde que deu entrada no Hospital da Cruz Vermelha, a 13 de Dezembro, devido “à deterioração geral do seu estado de saúde”, segundo os médicos do centro.
Embora a causa exata de sua morte não tenha sido confirmada.
“Portugal perdeu o pai da liberdade e da democracia”, observou seu partido. “A personalidade e o rosto que os portugueses mais identificam com o regime nascido a 25 de abril de 1974”.
O primeiro-ministro português, António Costa, hoje líder do PS, decretou três dias de luto nacional e afirmou: “A sua perda é insubstituível”.
deportado e exilado
Soares (Lisboa, 1924) iniciou a sua militância política no Partido Comunista, para o qual ingressou aos 18 anos, ainda na universidade.
Licenciou-se em ciências histórico-filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito pela mesma universidade em 1957.
Mas em 1964 viria a fundar, juntamente com outros, a Acción Socialista, germe do Partido Socialista de Portugal, que viria a criar em 1973.
Em 12 ocasiões ele foi preso, cumprindo um total de três anos de prisãopelas suas actividades contra o Estado Novo.
Foi deportado para São Tomé e Príncipe, uma das colónias portuguesas para onde Salazar enviou presos políticos.
Mais tarde, exilou-se em França, onde trabalhou em várias universidades.
E foi a 1 de maio de 1974, poucos dias depois da Revolução dos Cravos – aconteceu a 25 de abril – quando regressou a Lisboa, onde foi recebido por uma multidão de portugueses.
Foi uma das principais lideranças civis durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), período de 19 meses entre a Revolução dos Cravos e o golpe de Estado de 25 de novembro de 1975.
E levou o PS à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975.
A última vez que foi às urnas foi em 2006, aos 82 anos. Voltou a ser candidato do PS às presidenciais, que perdeu para o candidato conservador, Aníbal Cavaco Silva.
Desde a morte de sua esposa, a também política María Barroso, em julho de 2015, suas aparições públicas diminuíram e ele parou de escrever uma coluna que mantinha em um jornal português.
“Mário Soares nasceu, viveu e treinou para ser um lutador por uma única causa: a liberdade”disse o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, este sábado durante um breve discurso a partir do palácio presidencial em Belém.
“Nunca renunciou a um Portugal livre, a uma Europa livre, a um mundo livre. E o que é decisivo… saiu sempre vitorioso.”
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