Lula chegou a Portugal em viagem de aproximação com a União Europeia

Lula, que depois viajará à Espanha, prometeu colocar seu país de volta no centro da geopolítica mundial. Foto: Imprensa.

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou esta sexta-feira em Portugal para iniciar uma visita de cinco dias em que espera conseguir gestos de aproximação com a União Europeia (UE) após atritos diplomáticos sobre a sua posição sobre a guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Esta é a primeira viagem de Lula à Europa desde que voltou ao poder no início do ano, e depois de visitar outros cinco países, entre eles Estados Unidos e China, com o objetivo de recuperar a presença do Brasil no cenário internacional após o isolacionismo de seu antecessor, o ultraconservador Jair Bolsonaro, que defendia maior protecionismo.

“A viagem faz parte da reativação das relações diplomáticas do Brasil com seus principais parceiros, como foi o caso da visita à China há dez dias, após Estados Unidos, Argentina e Uruguai no início deste Governo”afirmou a presidência brasileira em nota reproduzida pela agência de notícias AFP.

Lula, que depois viajará para a Espanha, prometeu recolocar seu país no centro da geopolítica mundial.

Embora o presidente -um ex-metalúrgico de 77 anos, que já governou o Brasil entre 2003 e 2010- tenha desembarcado em Lisboa no meio da manhã desta sexta-feira, a agenda de sua visita de estado começa no sábadocom reuniões com o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa e a Primeiro-ministro socialista Antonio Costa.

Coincidindo com o 13ª Cimeira Luso-Brasileirao primeiro em sete anos, uma dezena de acordos bilaterais serão assinadosparticularmente nas áreas de energia, ciência, educação e turismo.

Na segunda-feira, após encontro com empresários no Porto, Lula participará do Cerimônia de Premiação Camõesa mais alta distinção da literatura lusófona, desta vez atribuída ao famoso cantor e autor brasileiro Chico Buarque.

A recente viagem do brasileiro à China, principal parceiro comercial do Brasil, que incluiu escala nos Emirados Árabes Unidos (EAU), foi marcada por comentários polêmicos sobre o conflito na Ucrânia, assunto espinhoso que também será discutido em sua entrevista ao Chefe do governo português.

Lula reclamou que “a Europa e os Estados Unidos, na qualidade de membros da OTAN, acabam contribuindo para a continuação dessa guerra na Ucrânia”, o que não agradou à Casa Branca, que respondeu que o brasileiro “está reproduzindo propaganda russa e China”.

Peter Stano, porta-voz de relações exteriores da UE, enfatizou que “os Estados Unidos e a UE estão trabalhando juntos como parceiros na ajuda internacional, ajudando a Ucrânia com exercícios de autodefesa contra a invasão russa”.

Na última segunda-feira, Lula recebeu em Brasília o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que “agradeceu” o Brasil pela “contribuição” na busca de uma solução para o conflito e pela “excelente compreensão da gênese dessa situação”.

Lula, no entanto, mudou de tom na terça-feira, condenando a “violação da integridade territorial da Ucrânia” pela Rússia.

A agenda na Espanha

Na terça-feira, em Madri, Lula pretende participar de um seminário que reunirá empresários brasileiros e espanhóis.

Também conhecerá o rei Felipe VI e na quarta-feira será recebido pelo Presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchesno Palácio da Moncloa.

Livre comércio entre o Mercosul e a UE

Em Lisboa e Madri, Lula buscará defender o andamento das negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE, que precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países, processo que parou em 2019.

“Para o Brasil, Portugal e Espanha são as portas naturais para a Europa”garantiu Lula, que não participou este ano da Cúpula Ibero-Americana realizada no mês passado na República Dominicana, para a qual enviou seu chanceler Mauro Vieira, e deu prioridade a outros fóruns, como o retorno do Brasil à Celac e à Unasul .

Lula planeja visitar a África

Em junho próximo ele planeja uma turnê pela África. Na República Democrática do Congo (RDC) pretende ativar o Grupo BIC para a proteção das florestas tropicais entre Brasil, Indonésia e a própria RDC.

Miranda Pearson

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