Lisboa inaugura escultura de Salvador Allende em defesa da memória na democracia

Lisboa, 26 set (EFE).- Portugal inaugurou esta terça-feira no metro de Lisboa o seu primeiro busto do ex-presidente chileno Salvador Allende (1908-1973), deposto pela ditadura militar, já que, defendem ambos os países, a memória faz parte da protecção da democracia.

Allende “personifica todos aqueles que no passado e no presente, e também no futuro, lutam pela liberdade e pela democracia com o sacrifício das suas próprias vidas”, disse o primeiro-ministro de Portugal, o socialista António Costa, durante a apresentação, onde lembrou que “é preciso não esquecer que a memória e a justiça fazem parte da luta pela democracia”.

Salientou ainda que “a democracia nunca está garantida”, que deve ser defendida “todos os dias” e que nesta homenagem a Salvador Allende não poderiam ser esquecidas as milhares de vítimas que a ditadura deixou.

O busto, esculpido em bronze e com 70 centímetros de altura, foi instalado num pedestal na movimentada estação de metro de Arroios, por baixo da Praça do Chile, onde estão gravadas em português a frase “A história é nossa e é feita pelos povos”. , proferida por Allende em seu último discurso aos chilenos, em 11 de setembro de 1973, poucas horas antes de seu suicídio.

Esta escultura, da autoria da artista portuguesa Margarida Santos, foi doada pela Embaixada do Chile em Portugal através de um Protocolo de Cooperação Cultural no âmbito do 50º aniversário do golpe de Estado de 1973, que deu início a uma cruel ditadura de 17 anos liderada por Augusto Pinochet.

A embaixadora do Chile em Lisboa, Marina Teitelboim, destacou em declarações à EFE o apoio e “solidariedade” de Portugal aos chilenos durante o referido regime.

“Allende é uma figura universal e achamos que ter um busto de Allende em Lisboa é muito importante”, afirmou o diplomata, que referiu que este é o primeiro em Portugal, país que “sempre apoiou muito o Chile”.

O golpe de 11 de setembro de 1973 liderado pelo general Pinochet deu início a uma ditadura de 17 anos, que deixou mais de 40 mil vítimas, incluindo mais de 3.200 executadas, das quais mil ainda estão desaparecidas.

Darcy Franklin

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