Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, foi constituído arguido no caso dos gémeos brasileiros que receberam tratamento médico multimilionário num hospital de Lisboa, perante suspeitas de que teria havido tratamento preferencial. O filho do chefe de Estado informou esta quarta-feira a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso de que não pretende prestar esclarecimentos, embora tenha admitido que esteve presente na audiência, segundo a agência Lusa. O advogado de Nuno, Rui Patrício, confirmou ao jornal ‘Público’ que o seu cliente é arguido. O Ministério Público investiga alegados crimes de prevaricação, em aparente concorrência de abuso de poder, crime de abuso de poder nos termos do Código Penal e burla qualificada. Entre os arguidos está também o antigo Secretário de Estado António Lacerda Sales. Após a notícia e questionado pela imprensa, o presidente português afirmou que tinha acabado de saber da notícia e não tinha “nada a dizer sobre ela”, considerando que “realmente não tem nada de útil a acrescentar, nem em termos de factos nem em termos de avaliações sobre esta matéria”. No início de novembro de 2023, o canal de televisão TVI transmitiu uma reportagem denunciando o alegado tratamento preferencial que teriam recebido duas irmãs gémeas, com dupla nacionalidade portuguesa e brasileira. Viajaram para Lisboa em 2019 para serem tratadas no Hospital de Santa Maria por atrofia muscular espinhal com Zolgensma, um medicamento cujo tratamento vale 2 milhões de euros. A reportagem lança uma sombra de dúvida sobre Rebelo de Sousa, uma vez que a família dos menores era conhecida de Rebelo de Sousa negou inicialmente qualquer envolvimento, reafirmando que estava disponível para testemunhar se necessário, mas depois admitiu que o seu filho lhe enviou um e-mail a contar-lhe sobre o caso e que a partir daí se produziu uma troca de mensagens entre ele, o hospital e a Casa Civil da Presidência, embora tenha negado que esta instituição tenha agilizado qualquer procedimento.