Portugal regista um aumento significativo nos pedidos de cidadania por parte de israelitas, apesar de poucos decidirem residir no país.
Estatísticas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) português informou que em 2022 foram registados 20.975 pedidos de israelitas que pretendiam obter passaporte português. Este número superou os pedidos provenientes do Brasil, país com laços culturais e linguísticos com Portugal, que registou 18.591 pedidos.
Estes pedidos foram feitos na sequência da “lei do regresso” aprovada em 2015, destinada aos descendentes de judeus sefarditas portugueses afetados pela Inquisição do século XVI.
Apesar da elevada procura, o governo português prevê pôr fim a esta política em dezembro de 2023, argumentando que o seu objetivo de reparação será “alcançado”.
Polêmica e denúncias no processo de naturalização
O processo português de naturalização de judeus sefarditas esteve envolvido num escândalo no ano anterior. Foram levantadas alegações de corrupção e fraude na Comunidade Judaica do Porto, autorizada em conjunto com a comunidade de Lisboa a examinar pedidos de cidadania.
O caso do bilionário russo-judeu Roman Abramovich foi particularmente controverso. A naturalização de Abramovich foi revelada após a invasão russa da Ucrânia e a sua possível evasão às sanções europeias contra os oligarcas russos.
Isto desencadeou uma investigação criminal que levou à detenção do rabino comunitário Daniel Litvak, gerando tensões nas comunidades judaicas portuguesas.
Razões do interesse israelita na cidadania portuguesa
Os benefícios de um passaporte da União Europeia, como a liberdade de circulação, juntamente com o custo de vida e as vantagens fiscais, tornam a cidadania portuguesa atraente para os israelitas. Além disso, a possibilidade de aceder a taxas de aceitação mais flexíveis nas universidades públicas europeias e a custos educativos reduzidos para os cidadãos da UE é um fator adicional.
Curiosamente, apesar do elevado número de candidaturas, em 2022 apenas 569 israelitas com nacionalidade portuguesa residiam em Portugal. Em contrapartida, 239.744 brasileiros viviam no país.
O desejo de ter um “plano B” parece ser um factor determinante para muitos israelitas solicitarem a cidadania, mesmo que não tenham intenção de emigrar num futuro próximo.
Depoimentos e insights
Amikam, um profissional de saúde israelita, partilhou com o The Portugal News a sua perspetiva sobre o seu pedido de cidadania em 2017. “É sempre bom ter um plano B caso algo corra mal. Israel pioram”, disse ele, reflectindo uma visão partilhada por muitos compatriotas.
Estes pedidos e o eventual aumento dos mesmos refletem uma tendência global de cidadãos que procuram opções de mobilidade e residência noutras regiões, dependendo das suas circunstâncias pessoais e geopolíticas.
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