Depois que a morte de Rodrigo se tornou conhecida, outros casos surgiram em Portugal, alguns de décadas atrás, de bebês que podem ter sofrido negligência nas mãos do mesmo médico.

As notícias sobre o caso levantaram uma onda de indignação no país.

Carvalho não fez nenhum comentário público e a BBC não conseguiu contatá-lo diretamente.

A mãe dela ficou sob cuidados médicos durante todos os 9 meses de gravidez.

Durante esse período, foram realizadas três ultrassonografias em uma clínica particular e os pais contam que o médico nunca expressou qualquer preocupação sobre a saúde do feto.

A mãe teria sido submetida um quarto ultrassom 5Dque dá uma imagem mais detalhada do feto, em uma clínica diferente, quando ela estava grávida de seis meses.

Durante esse exame, o médico responsável explicou aos pais que viu anormalidades naquela imagem e falou de uma possível malformação.

Quando os pais retornaram ao escritório de Carvalho, o médico supostamente descartou são preocupações.

“Ela explicou que às vezes algumas partes do rosto não são visíveis (nas ultrassonografias), por exemplo, quando o rosto do bebê está colado na barriga da mãe”, disse a tia de Rodrigo em depoimentos coletados pela AFP.

Após o nascimento de Rodrigo e a evidência de malformações no rosto e em parte da cabeça, o hospital informou aos pais que o bebê sobreviveria apenas algumas horas.

Porém, mais de duas semanas depois, a criança continue lutando por sua vida sob cuidados hospitalares.

Em meio à indignação com o caso do bebê Rodrigo, outras denúncias contra Carvalho vieram à tona.

Atualmente, pelo menos Há seis queixas abertas contra ele. Alguns deles datam de 2013, de acordo com autoridades de saúde.

Outros pais partilharam com a comunicação social portuguesa as suas histórias pessoais de alegados erros médicos na deteção de problemas de saúde nas suas gestações.

Num desses casos, um bebé nasceu em 2011 com uma desfiguração facial, pernas deformadas e danos cerebrais graves.

A mãe, chamada Laura Afonso, disse ao jornal português Público que havia apresentado uma queixa-crime contra o médico, embora o Ministério Público a tenha rejeitado.

Agora com oito anos, seu filho passou por várias operações, mas ainda não consegue falar ou andar, disse ela.

Segundo o jornal Público, houve outro processo criminal em 2007, também arquivado sem ir a julgamento, no qual a criança morreu meses após o nascimento.

O crescente escândalo gerou indignação em Portugal e muitos questionam Como funciona o sistema de saúde do país e quais são os procedimentos para relatar negligência médica.

Miguel Guimarães, presidente da Ordem dos Médicos, deu uma conferência de imprensa na semana passada na qual disse ter falado diretamente com Carvalho, dado o “alarme social” causado pelo caso.

O médico, ele disse, concordou em interromper os procedimentos enquanto as investigações progrediam.

O conselho disciplinar se reuniu no início desta semana e concordou por unanimidade que Carvalho deveria ser suspenso por seis meses enquanto as investigações continuavam.

“Há “evidência convincente” de negligência do médico, o que “pode ​​levar a uma sanção disciplinar”, disse Alexandre Valentim Lourenço, chefe do conselho médico da região sul, a um canal local após o anúncio da decisão.

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