No dia 3 de maio assinalaram-se 16 anos do desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann, enquanto dormia num apartamento turístico na Praia da Luz, no Algarve português. Todo o tempo que passou não serviu para resolver o caso, mas também não foi suficiente para esquecê-lo. Na terça-feira, a Polícia Judiciária está prevista iniciar uma operação de rastreamento junto à albufeira do Arade, no distrito de Faro, para tentar encontrar algum elemento relacionado com a menina. A busca, da qual também participarão agentes britânicos, foi solicitada por investigadores alemães, que tentam descobrir o papel de Christian Brückner no desaparecimento.
Brückner cumpre pena na Alemanha por vários crimes sexuais ocorridos no Algarve entre 2000 e 2017 contra menores (sem relação com a menina McCann) e também contra uma mulher norte-americana de 72 anos. Para a polícia alemã, tornou-se o principal suspeito do desaparecimento de Madeleine. O procurador que lidera a investigação, Hans Christian Wolters, chegou a afirmar numa entrevista que estava convencido da culpa de Brückner, embora também tenha alertado que a investigação está a evoluir lentamente.
No ano passado, o Ministério Público português declarou “arguido”(suspeito oficial) a Brückner, entre outros motivos para evitar a prescrição do crime, que a legislação portuguesa estabelece em 15 anos. Entre as provas contra o preso alemão estão a sua presença nas imediações da Praia da Luz na noite do desaparecimento, confirmada graças ao seu telemóvel, e uma conversa em que presume saber o paradeiro da menina britânica. a partir daí três anos.
Na noite de 3 de maio de 2007, Kate e Gerry McCann jantavam com vários amigos no restaurante Tapa’s, no empreendimento Ocean Club, na Praia da Luz. Os três filhos pequenos dos McCann dormiam sozinhos no apartamento quando Madeleine estava ausente. O caso desencadeou inicialmente uma grande onda de solidariedade com os pais, mas também uma intensa cobertura mediática internacional que influenciou o desenvolvimento do processo policial. Alguns dos suspeitos iniciais sofreram grande pressão e perturbação, como Robert Murat, sem que o seu envolvimento nos acontecimentos fosse jamais corroborado. Os pais também foram declarados suspeitos pela polícia portuguesa durante quase um ano.
Esta polémica decisão acabaria por afastar da investigação o inspector da Polícia Judiciária, Gonçalo Amaral, que abandonaria a força e escreveria livros com as suas teorias sobre o sucedido. Os McCann denunciaram-no em sucessivas instâncias até chegar ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que, no final de 2022, apoiou a decisão do Supremo Tribunal português de absolver Amaral. Os juízes do tribunal superior português consideraram que no conflito entre o direito à honra e a liberdade de expressão este último deveria prevalecer. Amaral acredita que a investigação sobre Christian Brückner é infundada. “É um produto da ficção policial para limpar a imagem dos pais da menina desaparecida e de um bode expiatório a quem são atribuídas as responsabilidades dos outros”, disse há um ano em entrevista ao EL PAÍS.
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