A uma semana do fim da campanha eleitoral em Portugal, os socialistas lideram as sondagens mas o líder da oposição, PSD (centro-direita), fecha a lacuna e a extrema direita consolida-se, traçando um mapa político que obrigará a pactos a garantir governabilidade.
Com os números em mãos, o voto dos indecisos – cerca de 20% segundo as sondagens – e a participação dos cidadãos confinados no dia das eleições – estima-se que mais de 400 mil – serão decisivos para fazer pender a balança.
Para já, as projeções indicam que a pretensão do líder socialista e primeiro-ministro, António Costa, de obter a maioria absoluta para evitar que o país caia numa dinâmica de crises cíclicas tem causado um efeito de rejeição.
Os socialistas continuam favoritos para as eleições legislativas de 30 de janeiro, mas caem -dois pontos- e permanecem com 37% dos votos, enquanto o Partido Social-Democrata (PSD) cresce para 33%, apenas quatro pontos, um salto impressionante considerando que apenas no no início da semana a distância era 10.
No entanto, António Costa tem uma vantagem notável no PIR. Metade dos entrevistados considera que ele seria um primeiro-ministro melhor do que o Rio, que é a opção de 35%.
O levantamento elaborado pela Universidade Católica para diversos meios de comunicação portugueses confirma também o crescimento do Chega, de extrema-direita, que se consolida como a terceira força, enquanto os comunistas e o Bloco de Esquerda perdem terreno e permanecem com 5%.
As previsões coincidem com a tendência traçada pelo inquérito TVI/CNN Portugal, que reduz a distância entre o PS e o PSD para menos de quatro pontos.
Considerando as margens de erro, “PS e PSD estão pela primeira vez em empate técnico”, sublinha este inquérito, elaborado com a opinião de mais de 600 pessoas.
INDECISO E CONFINADO, O VOTO A CONQUISTAR
Indecisos -cerca de 20%- e confinados têm a chave nestas eleições. Juntos, eles podem chegar a quase 25% do censo, de cerca de 10,8 milhões.
Qual é o perfil médio dos indecisos? Maioritariamente mulheres -quase 60%-, eleitores com idade média de 44 anos e empregados.
E suas dúvidas, concordam os especialistas locais, aumentam à medida que a distância entre as partes mais fortes diminui.
O voto dos reclusos também é decisivo, daí o esforço das autoridades para facilitar a sua presença nas assembleias de voto.
Num país onde o voto por correspondência não está contemplado, o voto antecipado é promovido no domingo, dia 23, em centros de todo o país.
Mais de 300.000 eleitores cadastrados, um sucesso em relação às convocações anteriores, embora longe do milhão esperado.
Além disso, no dia 30 de janeiro, os cidadãos confinados poderão romper o confinamento para votar no último horário, entre as 18h e as 19h.
A solução suscitou bolhas na comunidade de saúde, mas tenta mobilizar o voto em um país com níveis muito altos de abstenção.
Atingiu 45,5% nas eleições legislativas de 2019, subiu para 60,7% nas eleições presidenciais de janeiro de 2021 e 46,4% nas eleições municipais de setembro passado.
Justamente para mobilizar o voto, as redes de televisão transmitiram mais de 30 debates entre os candidatos. Uma fórmula inédita que, segundo as pesquisas, terá um impacto relativo porque apenas 5% da audiência admite que pode mudar o rumo de seu voto.
CONDENADO A ACORDAR
As sondagens afastam António Costa da maioria absoluta e complicam a governabilidade.
Costa estacionou a aliança com os comunistas e o Bloco de Esquerda que o levou ao poder em 2015 e abre as portas para o PAN animalesco, mas ele precisará ampliar o alcance para governar.
À direita, já se fala em possíveis acordos do PSD, mas o que fazer com o Chega? O Rio chegou a marcar uma linha vermelha com seu líder, André Ventura, mas derrubou os socialistas de sua mão nos Açores.
“Pela primeira vez, o PSD vai ter os mesmos problemas que o PS: parceiros mais instáveis à sua direita”, disse à Efe o cientista político António Costa Pinto.
A chave, ele enfatiza, não é apenas qual partido vencerá: “Temos que ver quem terá maioria no Parlamento, esquerda ou direita”.
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