A ‘última dança’ de Cristiano com Portugal

Numa época atípica, depois de querer partir para o seu clube para disputar a Liga dos Campeões (esta semana atacou o United) e já imerso na tendência descendente da sua carreira desportiva, Cristiano enfrenta aquele que será, salvo surpresa, o seu último Mundial Copa e, com ele, a derradeira oportunidade de conquistar o único título que falta em seu cartel infindável.

A seleção portuguesa surge no Qatar, imersa em dúvidas. Afastados da Final Four da Liga das Nações pela Espanha e precisando dos playoffs para conseguir a passagem para a Copa do Mundo, é claro o declínio e a estagnação desde que foram campeões europeus em 2016. Fernando Santos recusa-se a adaptar-se a uma geração de futebolistas muito diferente da de há seis anos, mais técnica e crivada de qualidade no topo e que sofre mais por ser reativa.

O grupo não está nada fácil e qualquer erro pode significar a hecatombe final que encerraria a etapa do técnico lisboeta. A priori, Portugal vai disputar a primeira posição com o Uruguai e a classificação deve ser entre as duas potências, já que Gana e Coreia do Sul são, por plantel e capacidade, inferiores, mas têm sempre uma batalha e os pontos que somam podem decidir o quarteto.

Ao contrário do grupo europeu, o ‘charrúa’ chega montado em um novo e crescente projeto. A incorporação de Diego Alonso corrigiu uma classificação na Conmebol que parecia muito distante, mas o treinador soube reverter a situação e não se deixar influenciar pela longa sombra de Óscar Tabárez. O ‘mestre’ desembarcou do ‘navio’ Celeste no final de 2021, encerrando uma segunda etapa que havia iniciado em 2006.

O técnico montevideano terá a sensível perda de Ronald Araújo no centro da defesa, que viajará para o torneio e, se tudo correr bem, pode até ter um minuto na última partida da primeira fase. No entanto, contará com um dos jogadores mais aptos do momento, como Fede Valverde. O jogador do Real Madrid está fazendo sua melhor temporada até agora.

Semelhante à de Cristiano Ronaldo é a situação de Luis Suárez e Edinson Cavani. A prolífica dupla de artilheiros enfrenta aquele que será seguramente o seu último Mundial depois da grande exibição que fizeram há 12 anos na África do Sul, chegando às meias-finais onde, para tal, venceram o Gana.

Revanche

Precisamente, a selecção africana vai acompanhá-los no Grupo H, sendo que o encontro entre as duas selecções ficará marcado pela sede de vingança dos ganeses. As ‘estrelas negras’ protagonizaram uma péssima Taça África’22, já que foram últimas do seu quarteto ao somar apenas um ponto e foram mesmo derrotadas pelas desconhecidas Comores. Apesar de tudo, a equipa reforçou-se consideravelmente desde o torneio continental, desde setembro passado que convocou pela primeira vez os ‘leões’ Iñaki Williams, Tariq Lamptey e Mohammed Salisu.

Por fim, a Coreia do Sul é quem começa com menos esperanças num quarteto onde, no entanto, a igualdade entre as equipas será a tónica dominante. Son Heung-min é a maior ameaça para os asiáticos, embora o atacante do Tottenham não tenha começado a temporada sem inspiração em termos de gols, já que soma apenas cinco gols em 19 jogos pelos ‘spurs’.

Calvin Clayton

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