Brasília, 23 de agosto (EFE) .- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recebeu nesta terça-feira com honras de Estado o coração do imperador Pedro I, uma relíquia emprestada por Porto no 200º aniversário da independência do país da coroa de Portugal.
Em cerimônia análoga à de um chefe de Estado, com marchas marciais e exibição do pelotão acrobático da Aeronáutica, o coração foi recebido em urna de ouro pelo presidente e pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na rampa do Planalto palácio presidencial, em Brasília.
O órgão, que chegou no dia anterior do Porto em um avião da Força Aérea Brasileira, está preservado em formol dentro de um recipiente de vidro há 187 anos.
É a primeira vez que o coração do primeiro imperador do Brasil sai de Portugal, onde é guardado a cinco chaves pela Irmandade de Nossa Senhora da Lapa e pela Câmara Municipal do Porto.
Depois de chegar ao Palácio do Planalto com toda pompa, o coração foi transferido para o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, onde ficará em exibição até o próximo dia 7 de setembro, quando são comemorados os 200 anos da independência.
Naquele dia, em 1822, o então príncipe regente, com apenas 23 anos, declarou às margens do rio Ipiranga, na cidade de São Paulo, que o país deixaria de ser colônia de Portugal e foi proclamado imperador Pedro I do Brasil.
A decisão do imperador de não retornar a Portugal para assumir o poder daquele país permitiu ao Brasil obter sua independência sem a necessidade de derramar sangue em uma guerra, ao contrário do restante dos países latino-americanos.
O empréstimo temporário da relíquia, cujos custos de transporte não foram divulgados, foi solicitado pelo governo Bolsonaro no âmbito das comemorações do Bicentenário da Independência.
Esta data foi abraçada pelo “bolsonarismo” e o líder da extrema-direita tem promovido manifestações de apoio em todo o país com as quais busca fortalecer a musculatura para as eleições presidenciais de 2 de outubro, contra as quais questiona a transparência do sistema de votação eletrônica sem ter recebido uma denúncia de fraude desde 1996, quando foi adotada.
De fato, Bolsonaro tem sido criticado pelo suposto uso político da relíquia de Pedro I às vésperas das eleições, das quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o favorito, que lidera as pesquisas com cerca de 45% dos votos. votos, contra 30% do atual presidente.
“A quem interessa a chegada do coração de D. Pedro conservado em formol na cidade do Porto? Que tipo de história mórbida é essa que celebra pedaços de corpos de pessoas mortas há tanto tempo?” questionou a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz.
No entanto, não é a primeira vez que o Brasil pede a Portugal os restos mortais do imperador Pedro I, que morreu em seu país de origem em 24 de setembro de 1834 em decorrência de tuberculose.
Em 1972, durante a ditadura militar, o governo da época realizou árduas negociações com Portugal para trazer os restos mortais de Pedro I para as comemorações dos 150 anos da Independência.
Na época, parte do esqueleto de Pedro I foi exposto em várias cidades do país antes de ser depositado no Monumento à Independência, localizado no bairro do Ipiranga, região onde há 200 anos o jovem príncipe gritou o grito de ” independência ou morte.
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