O município de Gallur em Saragoça lembrou-se daquele que foi seu prefeito durante a Segunda República, Maria Domingoscom um ato de recriação de sua proclamação no cargo, tornando-se assim o primeira mulher a liderar um conselho municipal democrático na Espanha.
O Presidente do Governo de Aragão, Javier Lambán, participou na celebração do 90º aniversário da inauguração de María Domínguez Remón da prefeitura de Gallur, juntamente com o secretário de Estado da Memória Democrática, Fernando Martínez, a prefeita de Gallur, Yolanda Salvatierra, e o vice-prefeito Carlos Gracia.
Lambán se referiu a María Domínguez como uma “grande mulher, uma maravilha de dignidade e ética, um desejo irreprimível de liberdade e igualdade”, embora tudo isso lhe tenha custado a vida, desde morto a tiro em Fuendjalón no verão de 1936.
Dominguez serviu como prefeito de Gallur de julho de 1932 a fevereiro de 1933mas esta posição não era o mais importante da sua biografia, considerou a presidente aragonês, pois tinha “fama nacional e o reconhecimento das campeãs da causa feminista da época”, entre as quais cita Clara Campoamor, Victoria Kent, Margarita Nelken ou a própria Hildegart Rodríguez.
“Ela tinha vocação de professora, embora também fosse radialista, colunista, ativista, política, socialista e republicana e tudo isso, naquela época, que se via normalmente nas grandes cidades, mas era totalmente incomum em áreas rurais”, Lamban apontou.
Além disso, lamentou que sua figura nem sempre fosse reconhecida, “e os próprios camaradas socialistas não foram excessivamente benignos com ela, não a apoiaram tanto quanto deveriam, de modo que vamos nos enganar”, o que dá ainda mais mérito esta mulher “absolutamente fascinante”.
Reconhecimento
Por outro lado, Javier Lambán destacou que a Associação Feminina ‘María Domínguez’ presta homenagem à sua figura “muito antes” das leis da Memória Democrática. De facto, recordou, a pedido destas mulheres, o Conselho Provincial de Saragoça (DPZ) atribuiu-lhe, em 1999, a título póstumo, a medalha Santa Isabel de Portugal, a maior concordância atribuída pela instituição provincial.
Da mesma forma, o presidente aragonês lembrou que em 2004, quando ele próprio presidiu a DPZ, foi reeditado um fac-símile da publicação ‘Opiniões da Mulher’, que reúne artigos e conferências de vozes femininas, incluindo María Domínguez. Ele adiantou que o livro mencionado está em impressão para a terceira edição, que incluirá novos materiais.
Ele também lembrou que o corpo de Domínguez era o primeira exumação oficial a que procedeu o Governo de Aragão, bem como à correspondente verificação dos seus restos genéticos.
Em suma, acrescentou Lambán, “é uma figura que nós socialistas sempre reverenciamos, assim como os democratas, e é herança de todas as pessoas de boa vontade”.
Por sua vez, a prefeita de Gallur, Yolanda Salvatierra, expressou a orgulho de ser a segunda prefeita do município“é como se fosse esse legado por trás de María Domínguez, é um desafio, porque embora tenha estado pouco tempo, fez muitas coisas e foi defensora das mulheres, dos direitos e da educação”.
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