Uma luta sem fim: mais de 100 incêndios ativos
Às 13h30 de quarta-feira, mais de 3.300 tropas foram mobilizados nos 24 incêndios mais perigosos, apoiados por 1.040 veículos e 24 aeronaves. A gravidade da situação obrigou o governo a estender o alerta de incêndio até quinta-feira, enquanto a ameaça de incêndio permanece latente.
Os distritos mais afetados são Aveiro, Coimbra, Porto e Viseu, onde as chamas consumiram milhares de hectares de floresta, ameaçando habitações e obrigando à evacuação de centenas de pessoas. Em Vila Real, o incêndio que avança de Vila Pouca de Aguiar para a vila de Vila de Samardã está a causar particular preocupação, segundo o Presidente da Câmara, Rui Santos, que alertou que “O fogo já está avançando em direção ao centro da cidade, colocando em risco várias casas.”
Espanha e Europa enviam ajuda internacional
Dada a magnitude da emergência, Portugal solicitou assistência internacional à União Europeia. Espanha, França, Itália e Grécia Responderam enviando oito aeronaves anfíbias e 230 bombeiros espanhóis, pertencentes à Unidade Militar de Emergência (UME)que chegaram ao país às três da manhã de quarta-feira para se juntar aos esforços de combate aos incêndios.
O Primeiro-Ministro português, Luis Montenegroagradeceu publicamente a colaboração da União Europeiachamando a ajuda de “rápida e essencial”. Ele também expressou sua gratidão a Úrsula von der LeyenPresidente da Comissão Europeia, bem como os líderes da Espanha, França, Itália e Grécia.
Sete vidas perdidas: as vítimas do incêndio
As autoridades portuguesas confirmaram que entre os mortos estão quatro bombeiros e três civis. Os bombeiros falecidos incluem três membros do corpo de bombeiros. Vila Nova Oliveirinhacujo veículo foi atingido pelas chamas enquanto se dirigiam para combater um incêndio em Tábuano distrito de Coimbra.
A outra vítima foi um bombeiro que sofreu morte súbita enquanto trabalhava em Oliveira de Azeméis.
Entre os civis que perderam a vida está um brasileiro de 28 anos que morreu queimado em Antigo Albergue ao tentar salvar máquinas de uma empresa florestal, e uma mulher de 83 anos que morreu de parada cardiorrespiratória em Mangualde.
Embora sua casa não tenha sido diretamente afetada pelas chamas, uma investigação está em andamento para determinar se as condições extremas do entorno contribuíram para sua morte.
Mais de 50 municípios correm risco máximo de incêndio
Ele Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) alertou que mais de 50 municípios dos distritos de Farol, Portalegre, Santarém, Castelo Branco, Leiria, Coimbra, Guarda, Braga e Bragança correm risco máximo de incêndio devido às altas temperaturas, que ultrapassam 35 graus em algumas áreas.
A isto se somam ventos fortes e humidade muito baixafatores que complicaram muito os esforços de extinção.
A situação é tão crítica que a Defesa civil implantou mais de 6.200 agentesapoiado por 1.900 veículos terrestrespara combater mais de cem incêndios ativos em todo o território continental.
Estradas e rodovias fechadas e moradores evacuados
O avanço das chamas causou o fechamento de inúmeras estradas e rodovias em Portugal. Auto-estradas A1, A25, A3, A24, A43 e A41 foram cortadas, assim como várias linhas ferroviárias, como as de Douro e VougaEsse caos de infraestrutura está dificultando a evacuação das áreas mais afetadas e a chegada de reforços às áreas de maior risco.
Gondomaruma cidade perto do Porto, foi uma das mais atingidas, com moradores evacuados e escolas fechadas devido à proximidade das chamas. No distrito de Aveiroas chamas atingiram uma zona industrial em Severo de Vougaafetando diversas empresas cujas instalações foram seriamente danificadas.
O Governo Português toma medidas excepcionais
O Governo tomou a decisão de implementar “medidas excepcionais” para lidar com a crise. Foi criada uma equipa multidisciplinar, liderada pelo Ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeidaque realizou sua primeira reunião em Aveiro para coordenar ações de resposta e assistência às áreas afetadas.
Almeida disse que “não é hora de desistir” e prometeu encontrar soluções rápidas para a crise. No entanto, ele também alertou que é preciso analisar “a natureza” do que está acontecendo para agir da melhor forma possível.
Suspeita de incêndio criminoso: quatro incendiários presos
Enquanto os bombeiros lutam para conter as chamas, a polícia investiga a causa dos incêndios. Polícia Judiciária A polícia prendeu quatro pessoas suspeitas de terem iniciado incêndios florestais no último sábado. São duas mulheres de 47 e 33 anos, e dois homens de 38 e 75 anos, que se acredita terem sido responsáveis por incêndios que destruíram centenas de hectares.
Esta situação levou o Primeiro-Ministro a declarar que o Estado irá perseguir os responsáveis por estas “atrocidades” e garantiu que os criminosos por trás destes atos não serão libertados.
Um futuro incerto para Portugal
Este ano, Portugal não registou números tão alarmantes de incêndios florestais como nos outros anos. No entanto, segundo relatos do jornal PúblicoNos últimos dias, uma área equivalente ao total destruído no resto do ano foi queimada. A situação é extremamente crítica e nada parecido foi visto desde então 2001 em distritos como Aveiro e Viseu.
A falta de recursos continua sendo uma das principais preocupações das autoridades locais, que têm exigido uma resposta rápida e eficaz do governo central para combater esta crise.
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