Lisboa/O governo português planeja contratar entre 200 e 300 médicos de diferentes países da América Latina para trabalhar em centros de saúde e garante que todos os direitos dos profissionais serão respeitados.
O ministro da Saúde português, Manuel Pizarro, confirmou hoje estas contratações numa audiência perante o Parlamento, onde esclareceu que não serão contratados apenas médicos cubanos, como já tinha noticiado anteriormente a comunicação social local.
O ministro também disse que eles virão da Colômbia e de outros países que têm capacidade de exportar profissionais de saúde. Ele explicou que sua formação acadêmica será reconhecida por uma universidade portuguesa e eles serão registrados na Ordem dos Médicos de Portugal.
Pizarro compareceu ao Parlamento a pedido da Iniciativa Liberal, que queria questionar o ministro sobre a contratação de profissionais cubanos, já que este partido alega que eles trabalham no exterior em condições de “escravidão”, por meio de uma empresa estatal cubana que só lhes paga parte do salário que recebem do Estado português.
“Há centenas de empresas deste tipo a operar em Portugal”, respondeu o ministro.
“Há centenas de empresas deste tipo a operar em Portugal”, respondeu o ministro, que destacou que o Estado português vai pagar aos médicos estrangeiros o mesmo que aos portugueses, mas admitiu que o Governo não controla o que estas empresas pagam aos profissionais.
Ele também garantiu que “os direitos humanos serão escrupulosamente respeitados”.
Durante a visita de Miguel Díaz-Canel a Portugal, em meados de julho, o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa havia revelado seu interesse em contratar médicos cubanos após verificar o trabalho realizado por um desses contingentes na Itália. Inicialmente, o serviço seria prestado por um período de três anos.
Segundo a comunicação social portuguesa Jornal de notíciasRebelo de Sousa explicou que os cubanos iriam coletar seu dinheiro sem intervenção do regime de Havana. O presidente disse que havia pedido a Cuba um “acordo diferente do usual” para também pagar os contratados diretamente. Ele supostamente conseguiu que o governo cubano aceitasse, embora os termos exatos do acordo ainda sejam desconhecidos.
Além disso, o Governo português já iniciou os procedimentos para que estes profissionais sejam incorporados no sistema público o mais brevemente possível, tendo em conta as diversas etapas pelas quais os estrangeiros fora do território da União Europeia devem passar antes de serem considerados aptos.
Para obter a licença, os médicos de países terceiros devem passar por vários testes, não só de medicina, mas também de português, por exemplo.
Esta não é a primeira vez que Portugal recorre a profissionais de saúde cubanos, tendo em 2009 acolhido 58 para reforçar a rede pública nas regiões do Ribatejo (centro), Alentejo e Algarve (sul).
Fontes do Ministério da Saúde português, consultadas pela agência noticiosa EFE, indicaram que a contratação de profissionais de saúde estrangeiros é “complementar e temporária” e visa “contribuir para a adequada dotação de recursos humanos e capacidade de resposta” do Serviço Nacional de Saúde.
Nesse sentido, “estão em andamento esforços conjuntos entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior”.
Segundo dados do ministério, o sistema público português contava com 1.270 médicos estrangeiros em 2022. A mídia local, por sua vez, noticiou que o total de profissionais de saúde estrangeiros registrados na Ordem dos Médicos era de 4.503.
A saúde é um dos setores que mais registrou reclamações no último ano, marcado pela crise nos serviços de emergência, principalmente na maternidade e obstetrícia.
A saúde é um dos setores que mais reclamações tem sido alvo no último ano, marcado por uma crise nos serviços de urgência, especialmente na maternidade e obstetrícia, devido à falta de recursos. Perante a pressão do setor, o Governo português encontrou uma alternativa na forma de contingentes de saúde.
As brigadas médicas são uma das principais fontes de renda do governo cubano, apesar de serem frequentemente acusadas de trabalho forçado por organizações internacionais como a Human Rights Watch e a Prisoners Defenders. Os Estados Unidos também incluíram Cuba em sua lista de países que violam os direitos humanos.
O governo cubano também foi acusado de usar os contingentes para manter sua influência em países aliados, como México, Itália, Catar, Brasil, Venezuela e Nicarágua. O Escritório Nacional de Estatística e Informação (ONEI) estimou que, em 2021, o Estado cubano arrecadou 4,349 bilhões de dólares em exportações de serviços de saúde para governos estrangeiros.
Em contrapartida, os serviços de saúde na ilha estão se deteriorando, não só pela falta de profissionais de saúde, mas também pela escassez de medicamentos básicos, que o governo de Havana atribui a problemas de financiamento e ao fornecimento internacional de matérias-primas. Por outro lado, os investimentos em modernização de infraestrutura estão focados em complexos turísticos, uma aposta para ativar a economia comprimida, enquanto as reclamações sobre as condições precárias nos hospitais estão se tornando mais frequentes nas redes sociais.
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