(CNN) – O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, renunciou depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) do país disse que ele estava sendo investigado em um amplo caso de corrupção envolvendo membros de seu governo.
“Hoje fui surpreendido pela informação, confirmada oficialmente pela assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República, de que uma investigação criminal seria aberta contra mim”, disse ele em entrevista coletiva na terça-feira, assegurando que tinha a consciência tranquila e estava disposto a cooperar com as autoridades. “Nessas circunstâncias, obviamente apresentei minha renúncia a Sua Excelência o Presidente da República.”
Costa, que também é secretário-geral do Partido Socialista Português, é primeiro-ministro de Portugal desde 2015. Foi eleito para o cargo pela terceira vez, com maioria absoluta, em 30 de janeiro de 2022.
Mais cedo na terça-feira, foi descoberto que ele estava sendo investigado em um caso de corrupção envolvendo seu governo, depois que a Procuradoria-Geral da República emitiu um mandado de prisão contra o chefe de gabinete de Costa e nomeou um de seus ministros como suspeito formal.
As autoridades estão a investigar possíveis casos de corrupção, prevaricação e tráfico de influências em decisões relacionadas com a concessão de duas minas de lítio (Romano, em Montalegre, e Barroso, em Boticas), a construção de uma central de hidrogénio em Sines e a construção de um centro de dados pelo grupo “Start Campus”, também em Sines. Durante a investigação, a PGR diz que os suspeitos disseram às autoridades que Costa poderia ter intervindo para “desbloquear” alguns dos processos em investigação.
“Essas referências [al primer ministro y su presunta intervención] serão analisados de forma independente no âmbito de inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal de Justiça”, diz o comunicado da PGR.
Cinco pessoas foram detidas no âmbito da investigação, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, e o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas.
“Considerando os elementos recolhidos no decurso da investigação e porque existe risco de fuga, continuação da atividade criminosa, ingerência na investigação e perturbação da paz e tranquilidade, o Ministério Público emitiu mandados de detenção, sem flagrante delito, do chefe de gabinete do Primeiro-Ministro, do presidente da Câmara Municipal de Sines, de dois administradores do grupo ‘Start Campus’ e de um advogado/consultor contratado por aquela empresa”, pode ler-se no comunicado da PGR.
Além das cinco pessoas presas, outro ministro do governo e um funcionário público foram nomeados como suspeitos formais na investigação, embora nenhuma acusação tenha sido apresentada ainda.
“O Ministério Público procedeu ainda à constituição de arguidos (suspeitos formais) de outros suspeitos da prática dos factos investigados, nomeadamente, o Ministro das Infra-estruturas [João Galamba] e o Presidente do Conselho de Administração da Agência Portuguesa do Ambiente [Nuno Lacasta]”, acrescentou o comunicado.
Galamba era Secretário de Energia quando alguns dos contratos sob investigação foram adjudicados.
Como parte da investigação, as autoridades iniciaram na terça-feira buscas em várias dezenas de lugares, incluindo 17 casas, cinco escritórios ou casas de advogados, 20 buscas não residenciais, incluindo dois ministérios – Meio Ambiente e Infraestrutura – e escritórios usados pelo chefe de gabinete do primeiro-ministro, informou a PGR.
No total, participaram nas operações 154 polícias e agentes da Fazenda Pública portugueses, 17 procuradores da República e três magistrados judiciais.
A filial portuguesa da CNN relata que Costa se encontrou duas vezes na terça-feira com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e que ambos já limparam suas agendas para aquele dia.
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