Eleições deixam Portugal na incerteza e dão ânimo à extrema direita

As eleições inconclusivas em Portugal significam semanas de incerteza política e dão impulso à mudança europeia em direcção à direita radical.

O crescente apoio a um partido populista nas eleições de domingo colocou a extrema direita no centro da política portuguesa. A competição acirrada entre dois partidos moderados proeminentes permaneceu sem solução, enquanto se aguarda a contagem dos votos no exterior. Os resultados oficiais serão anunciados em duas semanas.

A ascensão do partido Chega (Basta), fundado há apenas cinco anos, tem sido surpreendente. Dos 12 assentos no Parlamento de 230 lugares nas eleições de 2022, tem agora 48.

Os eleitores em Lisboa ficaram divididos na segunda-feira.

“Estou muito satisfeita”, disse Fernanda Quest, especialista em transporte marítimo de 38 anos. “Acho que é um momento de mudança.”

Isabel Fernandes, uma policial de 53 anos, disse estar com medo “porque alguns dos partidos que elegeram muitos legisladores têm ideias que podem ir contra os direitos fundamentais, especialmente os direitos das mulheres”.

O líder do Chega, André Ventura, fez causa comum com outros partidos de direita radical no continente.

Entre os convidados de Ventura nos últimos anos estão Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro italiano e líder do partido populista e de direita Liga, a líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen e o líder do partido de extrema-direita espanhol Vox, Santiago Abascal.

Estes e outros países da União Europeia experimentaram uma mudança para a direita nas últimas eleições, o que definiu as linhas da luta política antes das eleições para o Parlamento Europeu, que terão lugar entre 6 e 9 de Junho.

A Aliança Democrática de centro-direita, liderada pelos sociais-democratas, conquistou 79 assentos, enquanto o Partido Socialista de centro-esquerda, que governou durante os últimos oito anos, recebeu 77. Os dois partidos alternaram no poder durante décadas.

São quatro lugares a atribuir, que dependerão dos votos dos portugueses residentes no estrangeiro. Normalmente esses assentos são divididos dois a dois entre os social-democratas e os socialistas.

Mas estes são tempos diferentes. Alguns portugueses no estrangeiro são apoiantes do antigo Presidente dos EUA, Donald Trump, e do antigo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e podem pensar que o Chega os irá imitar.

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A videojornalista da AP Helena Alves contribuiu para esta reportagem.

Calvin Clayton

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