Neemias Queta faz Portugal sonhar com a sua primeira estrela da NBA

Miguel Conceição

Lisboa, 20 dez (EFE).- Depois de sucessivos sucessos no futebol, Portugal procura agora brilhar nos grandes palcos do basquetebol, sonho pelo qual depositou as suas esperanças em Neemias Queta, o primeiro jogador português na NBA.

Queta, central de 24 anos, ingressou esta temporada no Boston Celtics – uma das franquias de maior sucesso do desporto americano – e as suas atuações são acompanhadas com fervor no seu país, tal como as de jogadores de futebol como Cristiano Ronaldo ou João Félix. .

Esta terça-feira, o lisboeta está no centro das atenções da imprensa desportiva portuguesa pelo duplo-duplo (dez pontos e dez ressaltos) que conseguiu na manhã passada nos 20 minutos que disputou frente aos Golden State Warriors.

A derrota dos Celtics frente à equipa de Steph Curry (132-126) foi relegada para segundo plano na comunicação social portuguesa.

“Seu crescimento é evidente e seu orgulho aumenta”, escreveu o portal Zerozero.

O central português é opção devido à lesão do letão Kristaps Porziņģis e, apesar de ter saído do banco, tem aproveitado os poucos minutos que lhe foram concedidos pelo treinador Joe Mazzulla, que já o elogiou.

Depois de contribuir com sete pontos e 10 rebotes na vitória do Boston Celtics contra o Atlanta Hawks (113-103) em novembro, Mazzulla observou que Queta “fez um bom trabalho protegendo a cesta e ofensivamente tornou o jogo interessante”.

Seu desempenho também impressionou o astro do Celtics, Jayson Tatum.

“Queta foi ótimo para nós esta noite. A energia que ele trouxe do banco… (…) Ele nos ajudou a vencer o jogo”, comentou.

A “RESPONSABILIDADE” DE NEEMIAS

Neemias Queta tem consciência do que representa para os portugueses e garantiu que sente a “responsabilidade” de não “decepcionar” os seus compatriotas.

“Estou representando o país onde cresci e sei o quanto eles acreditam em mim. É uma responsabilidade ainda maior, não quero decepcioná-los”, disse ele à imprensa americana em outubro, após sua estreia com o Celtics contra o New York Knicks na pré-temporada.

A carreira de Queta na NBA está intrinsecamente ligada à sua terra natal.

Antes de chegar a Boston, jogou pelo Sacramento Kings, time da cidade californiana de Sacramento, ambos com grande comunidade de imigrantes e lusodescendentes.

Sacramento é também uma zona importante para o basquetebol português, já que durante vários anos acolheu a sua primeira grande representante na elite, Ticha Penicheiro, antiga dos extintos Sacramento Monarchs da WNBA e membro do Women’s Basketball Hall of Fame nos EUA.

Anos depois, o destino colocou a capital da Califórnia no caminho de Neemias Queta, escolhido pelo Sacramento Kings na 39ª colocação no draft universitário de 2021.

DO BENFICA À NBA

Neemias Esdras Barbosa Queta (Lisboa, 1999), filho de pais guineenses, deu os primeiros passos na quadra do Barreiro, localidade da periferia da capital portuguesa onde cresceu.

Treinou na equipa local, o Barreirense, e depois deu o salto para uma das maiores instituições desportivas de Portugal, o Benfica, onde esteve na equipa reserva antes de passar para a equipa principal.

Em seguida, mudou-se para os Estados Unidos, onde estudou na Utah State University, de onde passou para o draft e a NBA.

Fez história ao tornar-se no primeiro português a integrar uma equipa da maior liga de basquetebol do planeta, mas o seu início no Sacramento Kings não foi tão desejado.

Ele brilhou em seu afiliado da G League, o Stockton Kings, e mostrou potencial ao ser convocado para o time principal – se destacou contra o superastro LeBron James com 10 pontos e três rebotes na vitória contra o Los Angeles Lakers em dezembro de 2022 -, mas em duas temporadas teve poucas oportunidades.

Ele foi dispensado em setembro passado, mas encontrou um novo lar em um time que conta com lendas como Bill Russell e Larry Bird.

Ele não se intimidou com o peso da camisa e foi um dos destaques da pré-temporada.

Neemias “faz tudo o que lhe pedimos. Ele vem trabalhar todos os dias e gosto de como ele melhora cada vez que está em campo (…) Queremos ajudá-lo a melhorar”, disse Mazzulla à imprensa após um treino. .

O português, por sua vez, está confiante: “Sinto-me muito querido aqui, por isso quero muito mostrar o que posso fazer nos dois lados do campo. O tempo falará por mim”.

“É basquete, é o que sei fazer de melhor”, concluiu. EFE

mc/ssa/nam

Cedric Schmidt

"Amante de café irritantemente humilde. Especialista em comida. Encrenqueiro apaixonado. Especialista em álcool do mal."

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *