Geração 70 em Podcast
Aos 48 anos, António Zambujo olha para dois dos maiores autores e intérpretes contemporâneos da música e da língua portuguesa, com uma carreira assinada em palcos nacionais e internacionais. Esta entrevista com Bernardo Ferrão fala das suas origens alentejanas, do seu percurso musical e do seu preconceito em relação aos grandes sucessos do seu repertório e aos músicos que gostaria de cantar um dia. Ouça aqui ou podcast Geração 70
António Zambujo nasceu em Beja, em 1975, e cresceu ao som do canto alentejano, uma das maiores influências na sua carreira. Aos 8 anos já estudava clarinete, mas sabia que estava sempre presente. das suas paixões.
Cantei aos poucos com a família e entre amigos, numa taberna ao lado da casa da rua; Aos 16 anos ganhou um concurso de fadistas e poucos anos depois viu as vistas das casas onde Amália cantava e outras que o inspiraram.
Depois de ver o camarote no La Feria, em Lisboa, onde confessou que tinha jogado um cesto, mas a experiência ajudou-o a enfrentar as luzes. Agora ele não gosta de tirar fotos. Uma tarefa difícil depois de tantos retratos de sucesso, como ‘Lambreta’, ou ‘Pica do 7’ ou ainda os 28 coliseus, de Lisboa e do Porto, que, juntamente com Miguel Araújo, ficam certamente na história da música nacional.
Uma grande inspiração musical surgiu na Taberna de Sintra, em Beja, junto ao edifício de apartamentos, onde Zambujo teve o primeiro contacto com os núcleos alentejanos. “Eles se reuniram, começaram a cantar e ficaram muito impressionados. Tinha 4, 5 anos, ouvia a música e depois começou a me ensinar todas as letras. Não no dia seguinte, quando perdi dois homens, já sabia de tudo.”
António cresceu com dois primos, com o que passou no tempo, em Beja, e ainda se lembra com emoção da primeira vez que viu Lisboa. “Comecei a ir para Lisboa muito novo, porque já era altura de viver aqui. Foi um feriado ir para Lisboa, foi completamente diferente, com a sensação de entrar numa cidade grande, de horror”, afirma.
Durante 25 anos mudou-se para a capital, mas sempre que tinha tempo livre regressava a Beja. “O início foi complicado, porque ainda não tem raízes em Lisboa.”
Filho de países católicos, o músico cresce mais na rua do que na missa, mais para pular do que para ouvir conversas sobre política. Hoje, preocupa-se com as sondagens que revelam o crescimento da extrema-direita em Portugal e afirma: “Noto que Portugal caminha a dupla velocidade. No Norte noto sempre outro dinamismo, outra energia e poder de iniciativa. De Lisboa à sensação de que as coisas vão regredir, de que as prioridades mudaram. Viajo pela Europa e em combo. Quando venho aqui para Portugal parece que está mais perto do Brasil, onde vamos acabar com as linhas combinadas, do que do resto da Europa.”
Aos 48 anos, António Zambujo olha para dois dos maiores autores e intérpretes contemporâneos da música e da língua portuguesa, com uma carreira assinada em palcos nacionais e internacionais. Depois de nove discos, entre eles ‘O mesmo fado’, ‘Por meu cante’, ‘Guia’, ‘Rua da Emenda’, o músico lança, em 2023, o seu décimo álbum de estúdio, ‘Cidade’, escrito e composto pelo músico e amigo Miguel Araújo.
“Musicalmente continuo fazendo as mesmas coisas. A diferença é o público, que determina os acontecimentos. Em Portugal, de uma forma geral, existe um preconceiton como um sucesso. Parece que as pessoas não conseguem ou quando a música faz um lanche ter mais sucesso, sempre há uma tendência de um determinado tipo de público deixar de seguir. Mas o fato é que o evento é algo que faz parte da história.”
Sonho cantar com Quim Barreiros
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, nesta entrevista a Bernardo Ferrão António Zambujo fala da sua carreira musical, dos concertos por todo o mundo e dos grandes sucessos do seu repertório. Ainda admite que um dia adorou cantar com Quim Barreiros. “Estive com ele uma vez, nunca cantamos juntos, mas ele gostava muito de cantar. Acho-o espetacular, essas letras são geniais e têm marca própria. Ele é o rei da música, tem que fazer três concertos por dia”, conclui.
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