Lisboa, 01 de novembro (EFE).- Duas décadas depois, o legado do Superdepór, lendário time do Deportivo de La Coruña que brilhou nos anos 90, perdura em Portugal, onde os filhos de algumas de suas lendas, como Bebeto, Fran e Rivaldo, siga os passos de seus pais.
Mattheus Oliveira, primogénito de Bebeto, estabeleceu-se no Farense; Nico González, filho de Fran, procura reinventar-se no Porto, depois de uma carreira inteira no Barça; e os pequenos de Rivaldo ganham experiência nas categorias inferiores de Vizela.
Dois deles, Mattheus e Nico González, têm sido rivais esta temporada na Liga portuguesa, onde se puderam ver pela primeira vez e trocar histórias que os seus pais lhes contaram, que construíram uma grande amizade durante os anos em que viveram. compartilhado em Riazor.
BEBÊ BALANÇA O BERÇO
Em Dallas (EUA), no dia 9 de julho de 1994, Bebeto acabava de marcar o segundo gol do Brasil contra a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo que a “canarinha” acabaria vencendo.
Durante a comemoração, o craque brasileiro fingiu balançar um berço com os braços, gesto dedicado ao filho Mattheus, nascido dois dias antes.
Vinte e nove anos depois, Mattheus Oliveira, que esteve próximo da Juventus de Turim e despertou o interesse do Real Madrid, firmou-se no Farense, da primeira divisão portuguesa, clube onde joga depois de ter passado por Estoril, Vitória de Guimarães e Sporting de Portugal.
Em entrevista concedida ao portal português Maisfutebol, o meio-campista conta que se estiver com Bebeto na rua, as pessoas se aproximam dele e pedem para tirar uma foto fazendo o gesto icônico.
“Em Portugal, no Brasil, nos Estados Unidos… onde quer que vamos, é assim. Deixou a sua marca”, disse.
No entanto, ele revelou que ser filho de uma lenda significava “muitas batalhas mentais”.
“Imagine uma criança de 10 ou 11 anos ouvir que você está em um determinado nível só porque é filho do Bebeto. Tive que passar por muitas batalhas mentais na minha vida, porque tive que provar mais do que qualquer outra pessoa que eu merecia estar lá”, comentou.
NICO PROCURA FAZER NOME NO PORTO
Nas quatro temporadas em que esteve sob o comando do técnico Javier Irureta, Bebeto foi companheiro de Fran, que dedicou toda a vida ao Dépor (652 jogos e 64 gols).
Mas a carreira de Nico, também meio-campista como o pai e sobrinho de José Ramón Pérez -então outro integrante do Dépor-, o levou ao La Masía, onde chegou até ao time titular do Barça.
Depois de alguma regularidade no Camp Nou, foi emprestado ao Valência, onde uma grave lesão condicionou a passagem pelo Mestalla, e no regresso ao FC Barcelona perdeu o lugar na equipa de Xavi Hernández.
O Porto decidiu ir atrás dele, dando-lhe a oportunidade de se destacar e, possivelmente, no futuro, retornar ao Barça, que tem opção de recompra.
RIVALDO CONFIA SEUS FILHOS A VIZELA
Rivaldo, que passou um ano no clube presidido por Lendoiro, tem visitado regularmente o norte de Portugal, onde Vizela é a nova casa dos filhos João e Isaque Ferreira.
Ambos atuam na seleção sub-19 do time, clube que adora receber o campeão mundial de braços abertos.
Na visita mais recente, em fevereiro, Rivaldo, em declarações divulgadas pelo clube, mostrou-se “feliz pela oportunidade que o Vizela está a dar” aos seus dois filhos.
DO CLÃ DA CONCEIÇÃO AO LARRAZABAL
Os ex-jogadores do Dépor não são os únicos com filhos a brilhar em Portugal.
O elenco do Porto inclui Francisco Conceição, que regressou aos “dragões” esta temporada por empréstimo do Ajax. O seu pai é precisamente o seu treinador, Sérgio Conceição.
Todos os filhos do treinador e antigo internacional português embarcaram no futebol: Rodrigo está no clube suíço Zürich, enquanto Sérgio e Moisés jogam no Feirense e no Leixões, respetivamente, ambos da segunda liga portuguesa.
No Braga está Rodrigo Zalazar, médio natural de Albacete, cidade onde o seu pai José Luis se destacou na equipa homónima no início dos anos 90.
Rodrigo optou por representar o Uruguai e vestir a mesma camisa albiceleste que seu pai usava.
E no fim-de-semana passado, o campeão Benfica empatou 1-1 com o Casa Pia graças a um golo do espanhol Gaizka Larrazabal.
Larrazabal é um nome familiar para os torcedores do Athletic Club, já que o pai de Gaizka, Aitor, jogou toda a sua vida nas fileiras rubro-brancas, onde marcou 40 gols em 408 jogos.
Miguel Conceição
(c) Agência EFE
“Amante de café irritantemente humilde. Especialista em comida. Encrenqueiro apaixonado. Especialista em álcool do mal.”