Depois de ter iniciado oficialmente o seu percurso no início de janeiro de 2023, e lançado no início de junho, em resposta àquele que era também um dos seus principais objetivos fundadores, as negociações para abordar a redação do primeiro Acordo Têxtil Estatal, do Retail Textile A Association Spain (Arte), a nova associação patronal têxtil promovida pelas grandes multinacionais do setor com presença em nosso país, está finalizando a substituição de seu presidente, Reyes Herce. Ela é a atual diretora de pessoal da varejista multinacional britânica JD Group na Espanha, e deve acabar sendo demitida do cargo de primeira presidente da Art no início de outubro próximo.
Foi depois de a nova associação patronal já ter sido constituída e dado os primeiros passos que, no dia 31 de janeiro, a direção da entidade empresarial anunciou a constituição de sua nova diretoria, composta por representantes de todas as entidades fundadoras empresas da organização. Grupo formado pelas multinacionais da moda Grupo Inditex, representando suas cadeias Bershka, Massimo Dutti, Oysho, Pull&Bear, Stradivarius, Kiddy’s Class, Zara e Zara Home; por H&M; Pega, Primark; Uniqlo; e pelo Iberian Sports Retail Group, subsidiária do JD Group com a qual opera para os mercados espanhol e português e, eventualmente, em nome das cadeias JD Spain, JD Canarias, Sport Zone e Sprinter. Tendo acordado em resposta, a nomeação de Martín Godino Reyes, sócio gerente da firma Sagardoy Abogados, como secretário geral da organização; o de Pablo Francesch Huidobro, diretor corporativo de relações trabalhistas da Inditex, como vice-presidente; e a de Reyes Herce Tomás, diretor de pessoal do Grupo JD, como primeiro presidente da Art. Um cargo do qual se espera que ela acabe sendo dispensada, já que se encarregou de avançar nesse sentido desde a mídia geral El Mundo, no início deste próximo mês de outubro, uma vez que as conversações na mesa de negociações já começaram a partir do que, a partir do próximo dia 27 de setembro, começarão os trabalhos de redação do primeiro Acordo Estadual para o setor de comércio têxtil e calçadista.
Sem ainda ter uma confirmação formal da mesma direção de arte, que está confiante de que terminará assim que os últimos detalhes que afetam a saída de Herce e a entrada da nova pessoa que ficará responsável por assumir a liderança do negócio organização, segundo as fontes consultadas pelos referidos meios de comunicação e próximas da Arte, prevê-se que seja também uma mulher a acabar por voltar a ocupar a presidência da associação. Cargo para o qual, nesta ocasião, estaria defendendo a nomeação de um profissional de renome, mas neste caso fora de qualquer das empresas do setor e completamente alheio à gestão de qualquer uma das empresas fundadoras da Art. Uma decisão com a qual bem se poderia estar a tentar realçar a independência da gestão da nova entidade patronal numa altura em que não param de somar novas adesões, e para a qual seria de esperar que o seu novo presidente terminasse de assumir o rédeas da organização não antes de 1º de outubro.
Negociações, a partir de 27 de setembro
Se os tempos finalmente se confirmarem, a nova presidente do Art acabaria por assumir o cargo à frente da entidade empresarial, uma vez que já começaram as negociações entre os partidos empresariais e sindicais desde a mesa de negociações do primeiro Acordo Estadual sobre têxteis e calçados, constituída a partir da última segunda-feira, dia 17 de julho de 2023. Momento para o qual foi acordado, uma vez que a mesa já estava constituída, um cronograma de negociações que deverá começar com uma primeira reunião marcada para o próximo dia 27 de setembro, e para a qual seguir-se-ão pelo menos três reuniões subsequentes, já marcadas para 10 de outubro, 25 de outubro e 8 de novembro.
Como agentes responsáveis por conduzir, de ambas as partes, as negociações que deverão levar à elaboração do primeiro Acordo Estadual de grandes cadeias comerciais do setor têxtil e calçadista, a comissão de negociação será composta por 15 representantes da Arte, representando, por sua vez, de todas as empresas já vinculadas à organização empresarial, e por 15 representantes das organizações sindicais CCOO (8 filiados), UGT (5 filiados), ELA (1 filiado) e CIG (1 filiado). Uma distribuição esta, da parte sindical, feita com base na representação que cada um dos sindicatos mantém sobre o setor como um todo, a nível nacional, mas que não tem surgido sem polémica, após a queda como membro da mesa da Confederação Sindical Independente de Fetico. Entidade que havia sido convocada pela mesma direção do Art para fazer parte das negociações, mas da qual, e apesar da representatividade de 10% no setor que os dados do Ministério do Trabalho lhes concederiam, acabou sendo excluída a constituição da mesa de negociações, num movimento que ainda assim não hesitaram em rotular como uma decisão “política e não técnica”, com a qual procuravam censurar a sua posição por afirmarem que todas as “sensibilidades” territoriais, sectoriais e empresariais poderá ver-se representado na negociação, “face a uma mudança tão grande” como a redacção vai trazer, e espera-se que na próxima aprovação, do primeiro acordo colectivo estadual do sector têxtil e do calçado.
Em resposta a esta exclusão, consideram que Fetico da mesa de negociações foi injustificado, da direção da organização sindical que já vinha denunciando publicamente desde 18 de julho, um dia após a constituição da mesa, suas intenções de levar a redação de o acordo perante a Justiça Nacional, considerando que a mesa de negociação foi estabelecida sem acordo sindical. Um ponto pelo qual finalmente, e como agora também avançam do El Mundo, a organização sindical acabou apresentando na última sexta-feira, 18 de agosto, uma ação de conflito coletivo contra todos os membros da mesa, acusando-os de violar e negar sua representatividade. Uma condição que, uma vez esclarecida pela Justiça Nacional, pode acabar modificando a representatividade da parte sindical na mesa de negociações. Uma mesa cuja constituição, mesmo à margem da questão que afeta o Fetico, foi já marcada por polémicas, de mãos dadas com algumas organizações sindicais ELA e CIG que, apesar de terem um lugar, ainda que minoritário, à mesa, não hesitaram em organizar juntamente com a organização sindical OSTA uma concentração de protesto em Madrid, por ocasião da constituição da mesa de convenções colectivas, da qual defenderam a validade dos acordos sectoriais provinciais e atacaram a elaboração de um acordo nacional para o sector.
Um acordo para o qual, à vista, parece que as negociações que vão arrancar já no próximo dia 27 de setembro não serão nada fáceis, face ao escrutínio atento, não só dos trabalhadores do setor, mas de outras empresas e empresas. Alguns grupos empresariais que, sem estarem ligados à Arte, observam com séria desconfiança e preocupação que os novos empregadores acabam por acordar relações e condições de trabalho que conseguem impor-se como novos padrões para todo o sector comercial dos têxteis e calçado, mas sendo impossíveis assumir para todas aquelas empresas que não possuem uma pegada ou níveis de faturamento típicos de uma empresa multinacional.
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