Lehendakari Iñigo Urkullu não para de perseguir a concretização dos compromissos e obrigações adquiridos no âmbito europeu pelos governos dos estados francês e espanhol no desenvolvimento do transporte ferroviário de alta velocidade no eixo Atlântico. Continua a representar as comunidades e entidades territoriais afetadas pelo atraso acumulado, desde a Nova Aquitânia até Portugal, passando por todas as comunidades da costa cantábrica, incluindo o foral de Navarra. O passo mais recente, junto com o presidente da Nova Aquitânia, Alain Rousset, obteve da comissária de Transportes da Comissão Européia, Adina Valean, a priorização de subsídios para sua construção. E das prioridades vai o congestionamento acumulado pelo desenvolvimento de uma infraestrutura qualificada como prioritária pela própria União. O eixo Atlântico foi relegado devido ao desinteresse dos executivos de Paris e Madrid e à sua principal aposta no desenvolvimento da ligação ao Mediterrâneo. A estratégia dos sucessivos gabinetes de ambos os estados ameaça transformar os afetados em territórios de segunda categoria. Há um interesse socioeconómico francês em que o trânsito de passageiros e mercadorias termine em Bordéus –evitando a concorrência dos territórios a oeste da cidade– e a inexplicável cegueira dos seus homólogos espanhóis, incapazes de ver a alavanca de desenvolvimento dos territórios industrializados do norte da península, concebendo as infraestruturas de transporte como ativos do turismo e da agricultura mediterrânica. A disputa não é real em termos de desenvolvimento socioeconômico, devido às diferentes características de ambas as esferas, mas é tangível em termos de influência política sobre grandes centros populacionais, o que equivale a dizer eleitores. No quadro eleitoral que se enfrenta, é mais uma vez evidente que as prioridades dos territórios bascos, mas também da periferia peninsular como um todo, só ocupam posições de destaque nas estratégias do Estado de mãos dadas com agendas próprias desenhadas e projetadas por representantes políticos de obediência local. Desistir deles vai contra a lógica assistencialista e, no caso da infraestrutura ferroviária, esta tem sido vítima do aperto entre uma vontade centralizadora e um dogmatismo irrefletido da esquerda local.
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