São Paulo, 6 de julho (EFE).- O dramaturgo brasileiro Zé Celso, maior expoente do teatro de vanguarda no país sul-americano, morreu em São Paulo aos 86 anos, após queimaduras causadas por um incêndio em seu apartamento, anunciou esta quinta-feira a sua companhia de teatro.
José Celso Martínez Correa, conhecido como Zé Celso, estava internado em uma unidade de terapia intensiva desde o início da manhã desta terça-feira, quando um incêndio provocado por um fogão elétrico provocou queimaduras em mais da metade de seu corpo.
A morte do dramaturgo, figura central da cena teatral brasileira por mais de meio século, gerou reações imediatas de pesar do mundo cultural e político, inclusive do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Brasil se despede hoje de um dos grandes nomes da história do teatro brasileiro, um de seus artistas mais criativos”, escreveu o presidente. “(Zé Celso) foi um artista a vida toda que buscou a inovação e a renovação do teatro”, acrescentou.
No final da década de 1950, ainda estudante de direito, Zé Celso fundou o Teatro Oficina, companhia que buscava adaptar peças clássicas de dramaturgos como Anton Chekhov e William Shakespeare à realidade social e política brasileira.
Em 1967, no auge da ditadura militar, o grupo causou alvoroço com a montagem de “El Rey de la Vela”, de Oswald de Andrade, obra que denuncia satiricamente as relações capitalistas e usa linguagem violenta e grotesca.
O espírito insubordinado da empresa colidiu várias vezes com o aparato da ditadura; grupos paramilitares incendiaram o teatro onde representavam as peças na década de 1960 e o próprio Zé Celso viveu exilado em Portugal entre 1974 e 1979.
Na década de 1990, de volta ao Brasil, o dramaturgo colaborou com a arquiteta vanguardista Lina Bo Bardi, conhecida por projetar o icônico prédio do Museu de Arte de São Paulo, para construir um espaço à altura do tipo de teatro experimental praticado por a empresa.
Há apenas um mês, a sede do Teatro Oficina foi palco do casamento de Zé Celso com o ator Marcelo Drummond, seu companheiro por quatro décadas.
“O teatro é o meu corpo, é o espaço onde posso e faço o que quero e me levo para qualquer lugar”, declarou há alguns anos em entrevista à revista Sesc.
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