Cuenca faz parte de um projeto de pesquisa internacional que busca novas estratégias para prevenir e tratar o câncer do colo do útero.
Quando Maria, uma mulher de 49 anos, foi ao ginecologista para fazer o Papanicolau, o procedimento parecia horrível e invasivo: “O médico não me explicou nada. Ele me disse: ‘Deita (na cadeira ginecológica) que eu vou tirar a amostra’. Aí eu fiquei com medo de ir.”
María contou seu testemunho a um grupo de pesquisadores de Cuenca, que busca facilitar o diagnóstico do papilomavírus humano (HPV) e a detecção precoce do câncer cervical. e que não é uma experiência traumáticapara algumas mulheres.
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Ela é uma das mulheres que nunca -ou raramente- teve um rastreio do cancro do colo do útero e que foram recrutados durante as consultas ginecológicas no hospital da Sociedade de Combate ao Câncer (Solca) em Cuenca.
Os pesquisadores ofereceram a eles uma alternativa mais amigável: testes de auto-amostragem para detectar o vírus do papiloma humano (HPV).
Bernardo Vega, diretor do investigaçãoexplica que um dos objetivos é mudar abordagem diagnóstica para aumentar a detecção do câncer do colo do útero.
No Equador, a pesquisa é realizada pela Universidade de Cuenca, mas pesquisadores de universidades do Brasil, Portugal, Bélgica e Alemanha trabalham no projeto. Esta pesquisa busca novas estratégias para o diagnóstico precoce do câncer e seu tratamento adequado.
auto-amostragem
Para a pesquisa, foram utilizados dois testes que trabalham com DNA: um dispositivo de auto-amostragem, que tem uma zaragatoa na ponta e é usado de forma semelhante a um tampão.
As mulheres podem, por conta própria, inserir o swab e coletar células do colo do útero. A amostra é levada a um laboratório e os resultados são obtidos em poucos dias.
Existem países onde os laboratórios enviam os aparelhos por correio e receba a amostra da mesma forma.
O segundo teste é amostra de urina. Vários estudos têm mostrado que eles têm uma alta capacidade diagnóstica, chegando a 95%.
As mulheres que fizeram parte da pesquisa tiveram reação mais positiva aos testes de auto-amostragem. Eles os acharam mais fáceis de usar, mais rápidos e mais confortáveis do que o Papanicolau.
Além disso, disseram que os exames de urina e autocolagem são menos doloroso e embaraçoso.
Diferença com Papanicolau
“Técnicas médicas atuais para prevenir o câncer do colo do útero focam na detecção do vírus do papiloma humano (HPV)em vez do papanicolaou”, explica Bernardo Vega, da Universidade de Cuenca.
O papanicolaou pode detectar células que podem se tornar câncer se não forem tratados adequadamente. Os testes de HPV, por outro lado, detectam a presença do vírus, o que indica risco de câncer.
O capacidade de diagnósticodo papanicolau chega a 60%; já os testes de biologia molecular para detectar o HPV têm sensibilidade de até 95%, explica a pesquisadora.
Este projeto insere-se em três investigações internacionais, nas quais participa a capital azuaiana, com o Universidade de Cuenca. O objetivo é reduzir a mortalidade por câncer cervicalque no Equador é o segundo câncer mais comum em mulheres.
Cuenca é a primeira cidade em que se aplicam testes de autoamostragem. Primeiro, como parte da investigação, em 130 mulheres. Mas agora também são oferecidos pelo Centro Médico da Universidade de Cuenca.
A pesquisa sobre o HPV é replicada no Brasil, Bélgica, Alemanha, Portugal.
Barreiras ao diagnóstico
No Equador, quatro em cada 10 mulheres nunca fizeram um exame de Papanicolaou ou teste de diagnóstico para detectar o HPV. A investigação aprofundou as causas dessa realidade.
As mulheres entrevistadas consideraram que as principais barreiras para a aplicação deste teste são:
- longos tempos de espera
- Comunicação inadequada médico-paciente
- Percepção do Papanicolaou como procedimento doloroso e constrangedor.
Eles também detectaram barreiras culturais e machismo. Um dos médicos que participou da investigação explicou que existem comunidades rurais onde as mulheres devem pedir permissão aos maridos para fazer o teste.
“Fui ao hospital para ser examinada. Esperei um, dois, três, quatro, cinco, seis meses pelo resultado, mas nunca veio, e o médico disse que vai tirar outra amostra”.
mulher de 35 anos –
Os participantes ainda disseram que eles temem ser maltratados ou abusados sexualmente durante a consulta. Algumas mulheres mencionaram que alguns médicos flertam durante as consultas e outras expressaram o medo de serem abusadas.
Uso massivo de testes
Com os autotestes, essas barreiras podem ser reduzidas, explica o pesquisador Bernardo Vega. Portanto, uma vez que a investigação tenha produzido resultados positivos, em Cuenca começam a estender seu uso.
O Centro de Inovação Médica da Universidade de Cuenca e a clínica particular de Santa Ana já oferecem esses testes de HPV (800 devem ser aplicados nos próximos meses). O próximo passo é que o Ministério da Saúde Também tome esta abordagem.
Os resultados desta pesquisa servirão para a validação clínica necessária para os testes a serem utilizados em nível nacional.
Atualmente, a estratégia nacional de prevenção do câncer do colo do útero do Equador recomenda a triagem baseada em citologia (papanicolaou) a cada três anos, para mulheres sexualmente ativas entre 21 e 67 anos de idade.
A estratégia global da Organização Mundial da Saúde sugere que, para reduzir a mortalidade relacionada ao câncer do colo do útero, até 70% de todas as mulheres eles devem passar por um teste de alto desempenho pelo menos duas vezes durante sua vida.
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