Lisboa, 27 de maio (EFE).- ‘Rogerball’, o futebol de ataque do treinador alemão Roger Schmidt, voltou este sábado ao Benfica no topo de Portugal, após quatro anos e uma época em que ganhou adeptos dentro e fora do país português
Um jogo de ataque aliciante baseado numa pressão altíssima: assim é este ‘Rogerball’, que nos últimos meses tem sido o garante em campo do Benfica, que acaba de se proclamar campeão de Portugal.
O troféu da liga, o 38.º da sua história, foi a cereja no topo de uma campanha dominante, em que até o Paris Saint-Germain (PSG) de Messi e Mbappé ou a Juventus de Turim tiveram dificuldades frente aos lisboetas.
Esta jornada começou há exatamente um ano, com a chegada de Roger Schmidt, do holandês PSV, a Lisboa, onde herdou um Benfica talentoso, mas sem rumo, que acabava de perder sua estrela, o atacante uruguaio Darwin Núñez.
Mas as dores do crescimento foram imperceptíveis, em parte graças à excelente forma do novo reforço, o argentino Enzo Fernández.
ENZO DITA O RITMO
Com Enzo como metrônomo, não demorou muito para que os demais companheiros acompanhassem o ritmo ditado pelo jovem meio-campista argentino.
O agora jogador do Chelsea, juntamente com o luso-angolano Florentino, foi o motor da configuração preferida de Schmidt, o 4-2-3-1, atuando como apoio aos três médios-ofensivos, bem como colaborando nas tarefas defensivas. .
Sem Darwin, Schmidt recorreu à mina de ouro que é a academia do Benfica e ultrapassou Gonçalo Ramos em campo, que passou de segundo avançado a ponta-de-lança e revelou-se uma aposta mais do que segura.
Proveniente também da academia “Águilas”, António Silva, que, aos 19 anos, formou dupla de contrastes no centro da defesa com o veterano argentino Nicolás Otamendi e fez a diferença numa defesa que na campanha anterior foi o “calcanhar de Aquiles” da equipe.
Apesar da idade, não se intimidou quando lhe foi confiada a tarefa de travar Leo Messi na ‘Champions’ e foi recentemente eleito o jovem defesa-central mais promissor pelo CIES Football Observatory.
AS MELHORES VERSÕES DE GRIMALDO E JOÃO MÁRIO
A tática de Roger Schmidt também trouxe à tona as melhores versões de alguns de seus jogadores, como o lateral-esquerdo espanhol Alejandro Grimaldo e o meia português João Mário.
O valenciano, que assinou com o Bayer Leverkusen de Xabi Alonso, sempre foi um lateral com vocação ofensiva, o que lhe permitiu adaptar-se perfeitamente às exigências do treinador alemão.
João Mário, por seu lado, parece ter sido quem mais beneficiou com ‘Rogerball’, que lhe tem dado alas no centro do relvado.
O internacional português alcançou esta temporada, a segunda no Benfica, as melhores figuras da carreira, com 23 golos e 13 assistências.
A título de comparação, terminou a anterior com 4 golos e 7 assistências, enquanto em 2020/21, em que foi essencial para o Sporting de Portugal sagrar-se campeão da Liga, bisou e também duas assistências.
ATERRAGEM TURBULENTA
Nem tudo foi perfeito no voo das “águias”, que viveram um forte período de turbulência na reta final devido a uma crise de confiança.
O ímpeto foi abalado em abril, quando tiveram a oportunidade de selar a Liga no grande clássico frente ao Porto no seu Estádio da Luz, mas perderam, contra todas as probabilidades, por 1-2.
Depois o Benfica foi eliminado nos quartos-de-final da Liga dos Campeões por uma equipa do Inter de Milão que era vista como um rival acessível, dada a sua magnífica prestação na competição até então.
O cansaço após uma campanha marcada pela intensidade ou os erros estratégicos de Schmidt foram algumas das justificativas que foram discutidas na imprensa desportiva portuguesa.
Mas à medida que o cerco ao Porto começou a apertar, o Benfica conseguiu recuperar o seu antigo brilho, devolvendo os seus adeptos às ruas de Lisboa após uma longa ausência.
Miguel Conceição
relacionado
“Amante de café irritantemente humilde. Especialista em comida. Encrenqueiro apaixonado. Especialista em álcool do mal.”