Fê-lo de forma inesperada ao responder a uma pergunta que a Autosport fez aos fãs através do twitter: “Qual destas marcas gostarias de ver entrar no WRC?”
O piloto belga não hesitou em responder: “Pergunta errada! O que você deve se perguntar é se os promotores do WRC e da FIA serão capazes de manter os atuais fabricantes.”
Uma resposta chocante já que os promotores e a FIA afirmam que estão conversando para juntar mais uma, no máximo duas marcas ao atual plantel. Mas certamente Neuville tem outra percepção, de dentro, e muitos fãs temem que a Hyundai decida um dia deixar o WRC para entrar na F1, especialmente desde que Cyril Abiteboul foi colocado no comando da Hyundai Motorsport.
Obviamente, o belga foi ‘interrogado’ antes do Rali de Portugal sobre estas questões e respondeu com clareza. “Tenho a sensação de que ninguém está entendendo o quão dramático é este momento. Como piloto, vejo claramente que há cada vez menos mídia interessada… Vejo isso não apenas no WRC, mas também na Bélgica”, disse Neuville a uma pergunta do automobilismo.
O ponto de vista de Neuville não é único. Embora em outras palavras, a Toyota já tenha dito claramente que o futuro dos ralis deve ser o hidrogênio e Jari Matti Latvala apontou que os atuais Rally1s são excessivamente caros. E muitos fãs não entendem bem como funciona o sistema híbrido, enquanto as marcas presentes reclamam que o sistema fornecido pela FIA tem muitas lacunas.
Para Neuville, os ralis são muito ‘imóvel’ e isso pode se somar ao fato de terem perdido boa parte de seu DNA. Eles são curtos, para o sprint; anos atrás, a mesma distância cronometrada foi percorrida em um teste nacional de dias e meio, no máximo dois. Há demasiados tempos mortos, falta de ritmo. Os parques de trabalho condicionam horários e percursos, etc. Também é verdade que, com as exigências atuais, os ralis lineares de outrora são inacessíveis, mas dá a impressão que, de certa forma, quiseram acomodar a prova aos carros e não os carros para a especialidade.
Curiosamente, esta perceção contrasta com o sucesso da categoria Rally2, com uma dezena de marcas envolvidas, e que se prevê venha a ter o nascente Rally3. Ou o fenômeno do N5, apesar de não responderem exatamente à ‘pirâmide’ pensada pela FIA.
“Percebo que os fabricantes estão envolvidos de uma forma diferente em relação ao passado. Há toda uma série de insumos que me dizem que as coisas não estão indo na direção certa e é fundamental reagir”, disse Neuville, que comparou a situação com as inovações que está ensaiando na F1 ou na MotoGP, “enquanto nos ralis não há mudanças” e aponta que correr por florestas em pistas de terra pode não ser tão espetacular na televisão.
Neuville disse que a voz dos pilotos deve ser ouvida pela FIA e também das marcas, inclusive coisas que podem ser feitas no campo da promoção.
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