Um grupo de investigadores da Universidade da Extremadura (UEx) desenvolveu o projeto ‘Eclimus’, uma nova tecnologia de guia inteligente e de acesso gratuito a museus e sítios arqueológicos com base na utilização de dispositivos móveis. Foi concebido para ser implementado na Estremadura e no Alentejo (Portugal).
Concretamente, a iniciativa refere-se à “Extensão e Capitalização dos resultados do projeto ‘LIMUS’, e foi produzida no âmbito da sexta convocatória do programa Interreg-POCTEP 2014-2020, financiado pela Comissão Europeia, em que os participantes dois grupos de investigação da Universidade da Extremadura (GISS e GECOES) em conjunto com o campo arqueológico de Mértola em Portugal.
Assim, ‘Eclimus’ é a última fase do anterior projecto ‘LIMUS’, cujo objetivo era desenvolver um guia inteligente para espaços museológicos a partir da utilização do telemóvel do próprio visitante. Ao descarregar uma aplicação, o utilizador tem a possibilidade de consultar informação sobre peças, exposições e espaços do museu, sem necessidade de recorrer a códigos QR, como se está a tornar comum.
O professor de Eletrônica da UEx e coordenador do grupo de pesquisa de Sistemas Sensoriais (GISS), Fernando Álvarez, explicou a origem deste projeto: “consideramos o uso do QR uma solução intrusiva, porque obriga o usuário a ativar a câmera e aproximá-lo da peça ou local em questão”.
“Por isso, consideramos três tecnologias diferentes (ultrassom, luz LED e Bluetooth) em diferentes espaços, e o sistema Bluetooth de baixa energia mostrou o resultado mais eficiente em espaços arqueológicos ao ar livre, onde as diferentes peças expostas estão dentro distância maior”, argumentou.
Esta nova fase visa a implementação do protótipo funcional validado com sucesso em etapas anteriores em cenários arqueológicos reais na zona Euroace. Para isso, propõe três ações consideradas necessárias para sua massificação.
A primeira melhoria, e mais relevante para sua funcionalidade, é “incluir a capacidade de monitorar visitantes”. Ou seja, o aplicativo não visa apenas informar o visitante, mas também serve como uma ferramenta para que os gestores do museu obtenham informações sobre o comportamento dos usuários, oferecendo dados como o tempo de observação de cada peça, quais delas possuem não foram visitados, qual o percurso que os visitantes do museu seguiram ou a duração média da visita, entre outras questões.
Em segundo lugar, são abordadas as acções de formação necessárias para o pessoal técnico destes ambientes, de forma a evitar o receio ou rejeição da implementação desta nova tecnologia por desconhecimento da sua utilização. “Está agendada uma oficina de formação em Mértola, onde será explicado o esforço mínimo necessário (tanto em recursos financeiros como humanos) para implementar esta solução e fazê-la funcionar”, refere a UEx em nota de imprensa.
Um treinamento que pode ser concluído em horas e que requer um conhecimento mínimo de informática por parte do responsável pela implementação nesses espaços e pela geração dos conteúdos específicos.
Por fim, analisa-se a viabilidade econômica da implantação e manutenção de um sistema de orientação inteligente como este. Para tanto, nesta fase também foi incorporado o grupo de pesquisa GECOES (Contabilidade de Custos e Economia Social), que se encarregará de determinar o orçamento necessário para tornar realidade o uso desta tecnologia e avaliar os percentuais de custo/benefício para as entidades interessadas na sua implementação.
As capacidades alargadas que se propõem neste novo projeto visam converter os espaços arqueológicos da zona EUROACE em centros muito mais atrativos para o turismo cultural, fidelizando os atuais visitantes e captando novos perfis.
A este respeito, Fernando Álvarez destacou a originalidade e inovação desta solução tecnológica, porque “hoje todos carregam no bolso um ‘computador’ cheio de sensores, como é possível que ainda não tenha sido utilizado para obter informação num museu ambiente de maneira não intrusiva?”, foi perguntado.
E é assim que a tecnologia melhora a experiência tanto dos visitantes como dos gestores e tem como objetivo último a promoção deste importante setor económico e cultural nas regiões da Estremadura e Alentejo, como insiste a UEx.
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