O lendário chapéu Borsalino deslumbra novamente
Por Brigitte Hagemann
O financista franco-italiano Philippe Camperio conseguiu relançar as vendas e tirar o pó desta mítica marca fundada em 1857 por Giuseppe Borsalino, mantendo-se fiel ao seu estilo.
O tempo parece ter parado na fábrica Borsalino, perto de Alessandria, no Piemonte, norte da Itália.
Máquinas de madeira, datadas de 1888, permitem misturar montanhas de pelos de coelho antes de selecionar os mais macios. Esses cabelos, importados da Bélgica e de Portugal, são então projetados em uma nuvem de vapor por máquinas da década de 1940 sobre um cone de metal em movimento, antes de serem borrifados com água quente.
Essas técnicas milenares são desenvolvidas de acordo com um cenário imutável, inalterado desde a fundação da marca. Leva sete semanas e cinquenta passos para fazer um chapéu de feltro, a maioria dos quais são feitos à mão.
“Em seu início, em 1888, nossa fábrica estava na vanguarda em termos de máquinas. Hoje estamos entre os últimos artesãos do mundo a fazer chapéus à mão”, diz Alessandro Mortarino, gerente de compras.
Por que cabelo de coelho? “É mais macio, consistente e maleável que a lã”, explica.
Daniele Fascia, artesã de Borsalino há 15 anos, se dedica a moldar um futuro Fedora. Ele achata suas bordas largas, amassa-as, alisa-as e molda delicadamente sua calota craniana. Seus gestos são rápidos e cirurgicamente precisos.
“As máquinas nos ajudam, mas o principal é o feito à mão. Respeitamos a tradição”, explica, sorrindo.
O pôster do filme Borsalino and Co. de Jacques Deray, lançado em 1974 -com Alain Delon no papel principal-, decora o luminoso showroom da empresa, onde se alinham chapéus de todas as formas e cores (foto anexa). .
Crescimento do volume de negócios
A nomeação como chefe de estilo em 2022 de Jacopo Politi, 44, ex-funcionário da Chanel, trouxe uma nova vida ao chapeleiro que completará 166 anos em 4 de abril.
“O maior desafio é dinamizar e modernizar a marca para catapultá-la para um mundo colorido, jovem e efervescente, preservando seu DNA histórico”, afirma.
Aos clássicos chapéus de feltro de luxo ou panamás de palha, sinónimo de elegância, juntam-se os bonés de basebol mais lúdicos, os “bobs” e, sobretudo, as boinas, muito apreciadas pelos jovens.
O relançamento do Borsalino vai beneficiar, segundo o estilista, do entusiasmo que o chapéu despertou no início dos anos 2000.
“Durante o movimento de maio de 1968, foi decretado que o chapéu era cafona e ficava trancado no armário. Mas agora voltou a ser moda”, insiste.
Além dos jovens, a marca busca atrair mais mulheres, cuja participação no faturamento passou de 20% para 50%. “Nosso objetivo é aumentar sua participação para 60 ou 65%”, explicou Philippe Camperio à AFP.
Depois de cair 50% em 2020 devido à pandemia de coronavírus, a receita se recuperou em 2021 e aumentou 25%, para US$ 21,7 milhões em 2022.
“Em 2023 esperamos um novo crescimento no volume de negócios de 20% a 25%, e estamos no caminho certo apesar das dificuldades de abastecimento”, afirma Camperio, presidente executivo da gestora Haeres Equita.
As más práticas de seu ex-patrão, Marco Marenco, condenado em 2016 a cinco anos de prisão por falência fraudulenta, haviam jogado Borsalino na tempestade, então com uma dívida de 36,9 milhões de dólares.
Mas agora tudo mudou. 180.000 Borsalinos são fabricados por ano e vendidos por uma média de $ 325.
Alguns modelos passam de US$ 1.000, como o extrafino Montecristi do Panamá -o mais caro de todos, que leva seis meses para ser feito- e sai por US$ 1.790.
Mais de 2.000 chapéus emblemáticos que marcaram a história do grupo estarão expostos no novo museu Borsalino, inaugurado no dia 4 de abril em Alessandria, esperando atrair visitantes de todo o mundo.
“Viciado em bacon apaixonado. Ninja orgulhoso da cultura pop. Analista irritantemente humilde. Entusiasta de TV. Fã de viagens ao longo da vida.”