ARGEL (Reuters) – O poderoso chefe do Exército da Argélia pediu nesta terça-feira uma participação massiva na eleição presidencial planejada para dezembro, respondendo pela primeira vez aos protestos que rejeitam a votação planejada.
A eleição foi marcada para 12 de dezembro para substituir o presidente Abdelaziz Bouteflika, que renunciou em abril após manifestações contra seu governo de 20 anos.
Mas os manifestantes pediram que fosse cancelado, acreditando que membros da antiga elite governante manipulariam a votação para manter o poder. Dezenas de milhares de manifestantes marcharam em Argel e outras cidades na sexta-feira para exigir que a votação seja anulada e que as figuras remanescentes da era Bouteflika deixem o poder.
“O que notamos nos últimos dias é a intransigência de alguns partidos e sua insistência em entoar alguns slogans tendenciosos”, disse um comunicado do Ministério da Defesa, citando o chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Ahmed Gaed Salah, em uma base militar na província de Bechar, no sudoeste do país.
“Pedimos aos cidadãos que se mobilizem massivamente para fazer deste voto um ponto de partida para a renovação das instituições”, acrescentou. “Isso permitirá a eleição de um novo presidente com plena legitimidade que lhe permitirá atender às aspirações do povo.”
Gaed Salah disse que a eleição será realizada em circunstâncias diferentes das votações anteriores, que foram amplamente vistas como exercícios vazios para solidificar o domínio de Bouteflika. O governo não estaria mais no controle do processo, disse ele.
Uma autoridade eleitoral independente foi criada na semana passada para supervisionar a votação, em vez do Ministério do Interior, que estava encarregado das eleições no passado.
Gaed Salah desempenhou um papel fundamental na remoção de Bouteflika, ordenando-lhe que renunciasse e prendendo vários de seus aliados. Mas alguns argelinos acreditam que o objetivo final dos militares é manter em vigor um sistema no qual detém amplo poder.
Reportagem de Hamid Ould Ahmed, edição de Angus McDowall e Peter Graff
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