XANGAI (Reuters) – Em um raro sinal de descontentamento público com o governo, usuários chineses de mídia social estão expressando sua raiva contra o governo, depois que autoridades da província de Hubei, onde o surto de coronavírus começou, informaram a mídia neste domingo.

Alguns atacaram o governador de Hubei, que teve que se corrigir duas vezes durante uma coletiva de imprensa sobre o número de máscaras produzidas na província.

“A produção anual de máscaras faciais é de 10,8 bilhões”, disse Wang Xiaodong no briefing de domingo, tendo apenas que se corrigir depois de receber um pedaço de papel. “Na verdade, são 1,8 bilhão”, disse ele.

Minutos depois, Wang admitiu que eram 1,8 milhão de máscaras.

As notícias da coletiva de imprensa estavam em alta no Weibo, o equivalente chinês ao Twitter, com a hashtag “Governador de Hubei diz que está agonizando e se sente responsável”.

“Se ele pode confundir os dados várias vezes, não é de admirar que a doença tenha se espalhado tão severamente”, disse um usuário do Weibo.

“Este é o nível de um governador provincial? Algumas frases de desculpas e ele tem que olhar as anotações dele cinco vezes ”, disse outro usuário.

“Ele acha que uma frase de pedido de desculpas será suficiente para resolver o problema? Vamos aguardar o julgamento do povo do país.”

Críticas ao prefeito de Wuhan e às autoridades locais começaram a surgir nos últimos dias em sites como o Weibo, embora as plataformas de mídia social na China geralmente excluam esse conteúdo sensível.

Um jornalista sênior de um jornal de Hubei dirigido pelo Partido Comunista governante postou no Weibo na sexta-feira que deveria haver uma mudança “imediata” de liderança em Wuhan. Essa postagem foi posteriormente removida.

Os usuários também compartilharam imagens na plataforma de mensagens Wechat, mostrando funcionários usando máscaras cirúrgicas incorretamente.

Um funcionário foi mostrado usando uma máscara que não cobria o nariz, enquanto em outra imagem o prefeito de Wuhan parecia estar com a máscara de cabeça para baixo.

Alguns usuários de mídia social ficaram surpresos por terem permissão para criticar funcionários de alto escalão publicamente.

“Esta é a primeira vez que critico um funcionário de alto escalão, mas não preciso me preocupar com a possibilidade de minha conta ser encerrada ou colocada na lista negra”, disse um usuário do Weibo.