“O Rinoceronte” de Dürer e a revolução artística saindo das impressoras

Viena, 27 jan (EFE) O museu Albertina, em Viena, reúne nesta sexta-feira obras-primas do gênero.

A exposição, intitulada “Dürer, Munch, Miró – Os grandes mestres da gravura”, apresenta dezenas de peças desde o século XV até finais do século XX até 14 de maio e explica como “o aperfeiçoamento das técnicas de impressão permitiu que a arte viajasse para Europa.”

O RINOCERONTE MAIS VENDIDO

Entre as xilogravuras expostas, destaca-se “O Rinoceronte” (1515), que Dürer desenhou sem ter visto o animal, apenas com base em descrições escritas e no esboço de um espécime capturado.

Um sultão da Índia enviou um rinoceronte de presente ao rei de Portugal, D. Manuel I, em 1515. A chegada do primeiro espécime visto na Europa desde a época romana causou enorme expectativa. O rei português mandou o animal de presente ao Papa, mas Ganda, como era chamado o rinoceronte, morreu em um naufrágio na costa italiana.

A trágica história de Ganda e sua raridade fez com que todos desejassem ver o animal, que na Europa tinha quase a categoria de mitológico, e a xilogravura de Dürer tornou-se um best-seller da época, com centenas de exemplares vendidos.

A confluência, a partir de meados do século XV, do papel e das novas técnicas de impressão, tanto os tipos móveis, para a produção de livros, como as gravuras, permitiu a difusão de obras de arte numa escala e velocidade até então desconhecidas.

«Isso permitiu que uma composição de Raphael no Vaticano chegasse à Alemanha ou a Londres em poucas semanas. O trabalho de um artista podia ser divulgado em poucas semanas, permitia que a arte viajasse pela Europa”, explica o diretor do Albertina, Klaus Albrecht Schröder, à EFE.

Dürer, que além de mestre do buril tinha faro para os negócios, contratava vendedores para colocar suas gravuras em mercados ou feiras, e fazia enorme sucesso com seu rinoceronte imaginário.

“Até o século 20, a imagem de Dürer foi incluída como uma descrição de um rinoceronte, embora agora saibamos que não é exatamente a mesma coisa”, diz Schröder. Dürer desenhou um espécime com dois chifres, escamas nas pernas e pele não apenas grossa, mas semelhante a uma armadura.

GOYA, MUNCH E MIRO

O objetivo da exposição não é uma cronologia do desenvolvimento da gravura, mas sim um desfile de obras-primas que incluem também peças de Francisco de Goya, Edvard Munch e Joan Miró, entre muitos outros.

Poderá também apreciar a evolução da gravura, desde as incisões na madeira que é entintada e depois impressa no papel, até às litografias ou à mais moderna serigrafia.

Todas as obras são do acervo da própria Albertina, que possui um dos maiores acervos de artes gráficas do mundo com mais de um milhão e meio de peças originais.

A exposição vai desde os primeiros mestres, como Dürer, até a escola italiana de Andrea Mantegna, o detalhe de Rembrandt, o simbolismo de Goya e seus Desastres da Guerra e Caprichos.

Do século XIX, são mostradas algumas peças litográficas emblemáticas dos cartazes coloridos de Toulouse-Lautrec e as obras expressionistas de Edvard Munch, entre muitas outras.

No final da exposição é também prestada uma homenagem a Käthe Kollwitz (1867-1945) que, com as suas poderosas obras expressionistas, foi a primeira mestra da gravura. Há também peças de Miró e David Hockney, entre outros artistas do século XX.

No entanto, a exposição não abunda em obras contemporâneas, algo que fará numa outra mostra que se intitulará “De Andy Warhol a Damien Hirst – A revolução da gravura” com obras de 1960 em diante.

Para fechar uma trilogia sobre a gravura, Albertina dedicará a Picasso, a partir de março, uma grande exposição por ocasião do 50º aniversário de sua morte e que incluirá também sua obra gráfica.

Luís Lidon

Darcy Franklin

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