“Independência ou morte”: 200 anos do grito que tornou o Brasil independente

São Paulo, 6 de setembro (EFE).- Em 7 de setembro de 1822, o então príncipe de Portugal, Pedro de Bragança, declarou o Brasil como nação independente, fato que ficou para a história como um ato heróico e que, 200 anos depois, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tenta capitalizar às vésperas das eleições.

Em sua famosa obra “Independência ou Morte” (1888), o pintor Pedro Américo retratou com ar de grandeza um dos momentos-chave da história do Brasil: o “Grito do Ipiranga”.

Em sua pintura, restaurada por ocasião do aniversário, Pedro Américo retratou um jovem príncipe vestido, com sua espada erguida, montado em um poderoso cavalo com sua tropa, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo.

Foi nesse momento, agora uma rede de esgoto poluída cercada de asfalto e cimento, que há 200 anos o príncipe português declarou o Brasil uma nação soberana, gritando “Independência ou Morte”, em meio a movimentos separatistas e um crescente confronto entre Brasil e Portugal.

Apesar do romantismo que permeia a obra de Pedro Américo, o escritor Laurentino Gomes desmonta em seu best-seller “1822” (2010) alguns dos mitos que cercam a figura do primeiro imperador do Brasil, considerado um soberano intransigente e autoritário, embora defendesse no campo de batalha as ideias do liberalismo.

“O destino cruzou o caminho de Don Pedro em uma situação de desconforto e sem elegância”, diz ele no primeiro capítulo de “1822”.

E é que, segundo Gomes, na tarde de 7 de setembro de 1822, o futuro imperador viajava numa mula, vestido em farrapos e com fortes dores no estômago, provavelmente depois de ter comido alguma comida estragada.

Segundo a historiadora Solange Ferraz de Lima, a iconografia de Pedro Américo não reconstitui fielmente a realidade, mas reflete a carga simbólica de um momento chave para o Brasil.

“É um gênero acadêmico que representa um fato sem a necessidade de ser fiel à realidade (…) Interpreta o fato de forma heróica e pomposa”, explica Ferraz de Lima, um dos curadores do Museu do Ipiranga, ao Efe, onde a pintura está exposta há mais de um século.

MUSEU DO IPIRANGA: UM MONUMENTO TRANSFORMADO EM MUSEU

Pedro Américo não presenciou o “Grito do Ipiranga”. Sua obra, pintada em Florença, foi encomendada décadas depois pelo imperador Pedro II para adornar o Museu do Ipiranga, imponente palácio de ar eclético que ele havia construído no bairro onde seu pai declarou a separação entre Brasil e Portugal.

O monumento construído em memória da Independência, no entanto, só foi concluído em 1890, no primeiro aniversário da proclamação da República, cujo Governo decidiu transformá-lo em museu, até hoje.

Ali estão depositados os restos mortais do primeiro imperador do Brasil, trazidos de Portugal em 1972 por ocasião dos 150 anos da Independência.

Em plena ditadura militar, os ossos de Pedro I fizeram uma peregrinação pelo Brasil até chegar ao que hoje é conhecido como Museu do Ipiranga, que, depois de quase uma década fechado para reformas, reabrirá suas portas ao público nesta quinta-feira.

Com os restos mortais de Dom Pedro no Brasil, só faltava seu coração, que, a pedido do próprio imperador, foi protegido na igreja da Lapa, na cidade portuguesa do Porto.

Bolsonaro negociou seu empréstimo com o governo de Portugal por ocasião do bicentenário da Independência, data em que o líder de extrema-direita tenta obter lucro político às vésperas das eleições de 2 de outubro, lideradas por seu rival, o ex-presidente presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O líder da extrema direita brasileira convocou seus seguidores para irem às ruas no dia 7 de setembro, no que pode se tornar uma demonstração de força na reta final da campanha eleitoral.

Darcy Franklin

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