Centro-direita estaciona a crise em Portugal e encerra Rui Rio como alternativa a Costa | Internacional

O Presidente do PSD, Rui Rio, no discurso de encerramento do congresso nacional do PSD em Santa Maria da Feira.PATRICIA DE MELO MOREIRA (AFP)

Rui Rio, o candidato de centro-direita para substituir o socialista António Costa como primeiro-ministro de Portugal, não tem nada a ver com Donald Trump. Mas, no encerramento do congresso do Partido Social Democrata (PSD), realizado durante três dias em Santa Maria da Feira, apropriou-se do seu eficaz slogan de campanha: “Temos de acreditar que Portugal no século XXI pode voltar a ser grande. Tão grande quanto a dimensão de sua história”. Sem especificar medidas que constarão do programa eleitoral, o Rio deixou claro que defende mudanças sem que seja preciso fazer uma ficha limpa: “Somos um partido reformista, por isso não vamos fazer nenhuma revolução nem destruir tudo o que o outros fizeram. Queremos apenas devolver a esperança aos portugueses de forma sensata, corajosa e realista.”

Há apenas um mês, o futuro do Rio estava no ar. Na política, o pior costuma acontecer em casa: o presidente do PSD recebia dardos domésticos quase diariamente. Sua liderança na formação foi discutida e sua oposição ao governo socialista foi condenada como branda. Dentro as primárias realizadas no final de novembro, quase todo o aparato apoiou o homem que disputava o cargo, o eurodeputado Paulo Rangel. Os pesos pesados, abertamente ou nas sombras, também favoreceram Rangel. Então o Rio tinha tudo a perder, menos a convicção de que poderia mobilizar a filiação ao seu partido ganhar. E ela fez isso. Ela recebeu o apoio de 52,43% dos eleitores contra 47,57% de sua rival. Talvez então já tivesse na cabeça a frase de Churchill que citou hoje no discurso que proferiu para encerrar o congresso: “Um homem com convicção pode superar cem homens com opiniões.”

Ele apelou para essa mesma fé para defendê-la em 30 de janeiro, quando realizam-se eleições legislativas em Portugal, pode ser imposta ao atual primeiro-ministro, o socialista António Costa, que é atualmente o vencedor em todas as sondagens. Mas a votação se move, pelo menos nas pesquisas. No publicado neste sábado em Jornal Y Jornal, a recuperação do PSD o deixaria apenas 2,2 pontos atrás do Partido Socialista. Abordagem impensável há um mês, quando os noticiários relacionados ao partido mostravam a crua divisão interna. Paulo Rangel, o homem que o aparelho gostaria de ver hoje fazendo o discurso de encerramento, mostrou um tom contido neste congresso e deu seu apoio ao rival. Também Carlos Moedas, o presidente da Câmara de Lisboa e homem da moda do PSD pela inesperada vitória eleitoral sobre o socialista Fernando Medina, apelou à unidade. Moedas, que foi um dos que não expressou seu apoio a Rangel com palavras, mas sim com gestos -ambos se fotografaram comendo em um restaurante poucos dias antes das primárias-, foi a maior ovação dos presentes. “Até este congresso não há apoiantes de Rui Rio nem de Paulo Rangel”, disse Moedas.

Em seu discurso, Rio defendeu reformas na saúde pública e na educação, assim como na economia. Em sua opinião, os seis anos de governo socialista levaram à estagnação do país. “Precisamos de um novo governo com coragem para fazer reformas em diferentes setores da nossa sociedade. Um novo governo que se destaca do socialista que, nos seus últimos seis anos, adiou o país à subordinação às forças de esquerda mais extremistas”, afirmou, referindo-se à aliança parlamentar mantida na anterior legislatura pelo PS , o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português. Precisamente, a falta de apoio destas duas formações aos Orçamentos de Estado para 2022 apresentados pelo Governo foi o estopim que ativou a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas no meio da legislatura.

O clima de união na oratória entre os dirigentes do PSD não impediu que se enfrentassem várias listas de diferentes órgãos dirigentes do partido, o que denota que as divisões continuam a ferver. Entre os críticos do Rio, a seleção dos candidatos eleitorais para 30 de janeiro foi equivocada, onde os partidários de Rangel encontraram pouca acomodação.

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Calvin Clayton

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